O míssil que atingiu a casa do jornalista Wael Dahdouh, matou sua esposa, dois filhos e um neto
A esposa, um filho, uma filha e um neto de Wael Dahdouh, chefe do escritório da Al Jazeera Árabe em Gaza, foram mortos, vítimas de um ataque aéreo israelense, na quarta-feira (25).
“O que aconteceu está claro. Esta é uma série de ataques direcionados a crianças, mulheres e civis. Eu estava há pouco reportando de Yarmouk sobre tal ataque, e os ataques israelenses atingiram muitas áreas, incluindo Nuseirat”, constatou o jornalista palestino, chefe em Gaza da organização árabe de notícias com 80 escritórios em todo o mundo.
“Não acreditávamos que a ocupação israelense deixaria estas pessoas partirem sem as punir. E, infelizmente, foi isso que aconteceu. Esta é a área ‘segura’ de que falou o exército de ocupação”, desabafou Dahdouh.
O neto de Dahdouh, Adam, foi declarado morto duas horas depois.
Seu filho mais velho, Yehia, pai da criança morta, e uma neta pequena conseguiram sobreviver. Outros membros da família ainda estão desaparecidos.
“A casa deles no campo de refugiados de Nuseirat foi atacada”, explicou a Al Jazeera em um comunicado oficial em que denunciou o ataque israelense ao local onde a família de Dahdouh procurou refúgio ao ser obrigada a se deslocar depois do bombardeio de seu bairro, seguido de avisos do premiê Benjamin Netanyahu para que os civis saíssem da região.
JORNALISTA EXEMPLAR
“Wael Al-Dahdouh é um pilar no mundo do jornalismo em Gaza. Durante anos, ele cobriu as ofensivas israelenses e as guerras na Faixa, os ataques a jornalistas e o assassinato de mulheres e crianças”, assinalou o apresentador árabe da Al Jazeera, Tamer Almisshal, afirmando que o assassinato de membros da família de Dahdouh faz parte do continuo ataque israelense a jornalistas palestinos , especificamente a Dahdouh.
“Wael continuou a reportar sobre as atrocidades israelenses, apesar das ameaças contínuas contra ele e a sua família”, disse Almisshal.
“A voz dele continuará – isso podemos garantir. Todas as nossas vozes continuarão e continuaremos a cobrir esse ataque para divulgar a verdade todos os dias”, afirmou.
ORGANIZAÇÕES CONDENAM ATAQUES CONTRA JORNALISTAS
O Instituto Internacional de Imprensa (IPI) qualificou os fatos de “notícias horríveis e ultrajantes” em comunicado. “Condenamos o assassinato de civis e oferecemos as nossas mais profundas condolências a Wael Dahdouh”, manifestou.
A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a União de Jornalistas Palestinos (SPP) condenam os assassinatos e os ataques contínuos contra jornalistas. A FIJ pede uma investigação imediata sobre suas mortes.
Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), pelo menos 25 jornalistas morreram desde o início deste conflito até quarta-feira (25). Vinte e um dos mortos são palestinos, três são israelenses e um é jornalista libanês, detalhou o CPJ.
CERCA DE 7000 MORTOS EM GAZA
Na sequência da agressão israelense contra o povo palestino em Gaza e na Cisjordânia, o número de mortos aumentou para pelo menos 6.955, com mais de 19.000 feridos, informou o Ministério da Saúde de Gaza em uma atualização na quinta-feira (26).
“De acordo com a declaração, surpreendentes 70% das vítimas em Gaza são crianças, mulheres e idosos, destacando o impacto devastador da agressão genocida israelense em curso sobre a população civil”, apontou a Agência Palestina de Informação, WAFA