Kim Jong Un, principal líder da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), visitou o Cemitério dos Mártires da Guerra de Libertação da Pátria para marcar o aniversário do armistício da Guerra da Coreia e o desfecho da Guerra de Libertação da Pátria.
Kim, secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia, foi recebido no local por oficiais comandantes do Exército do Povo Coreano e colocou uma flor diante do cemitério, segundo o relatório.
Enquanto isso, milhares de veteranos de guerra em seus 80 ou 90 anos estavam se reunindo em Pyongyang nestes dias para a Sétima Conferência Nacional de Veteranos de Guerra. Foi a VII Conferência Nacional de Veteranos de Guerra por ocasião do 68º aniversário do fim da guerra.
Em seu discurso na conferência, o principal líder da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), Kim Jong Un, elogiou os defensores e construtores do país na década de 1950 “que criaram o espírito heroico de luta e traços como benfeitores e professores genuínos que devemos admirar e aprender com gratidão eterna”.
Ele disse que é uma missão honrosa dos descendentes dos veteranos de guerra para consolidar ainda mais e trazer prosperidade ao país e também expressou sua convicção que “o grande espírito e vontade instilados pelo Dia V seriam um ímpeto eterno para promover o avanço e o desenvolvimento da construção socialista”.
A conferência foi realizada em frente ao Monumento à Guerra de Libertação da Pátria em Pyongyang.
A Guerra da Coreia eclodiu no dia 25 de junho de 1950 e terminou com um armistício no dia 27 de julho de 1953.
O general norte-americano Mark Clark assinou o Acordo de Armistício Coreano e declarou: “Ao executar as instruções de meu governo, ganhei a distinção nada invejável de ser o primeiro comandante dos Estados Unidos na História a assinar um armistício sem vitória”.
Nesses 68 anos desde o armistício, duas falácias continuam presentes nos que insistem em falsificar a história: a de que a Coreia do Norte foi a responsável pela eclosão da guerra e a de que os EUA não foram derrotados.
Mas nunca é demais reforçar a desconstrução dessas narrativas lembrando que a Coréia é um único país e não dois, desde os tempos antigos – uma só nação, um só povo.
O fato é que as tropas do império norte-americano invadiram o sul da Coréia no dia 8 de setembro de 1945, criando ali um Estado fantoche depois que o país, sob a liderança do generalíssimo Kim Il Sung, expulsou os japoneses que ocuparam a península desde o início do século passado.
Assim, a Coreia, uma nação pacífica, unida e homogênea, foi dividida pela ação militar deliberada dos EUA. A questão de quem provocou o conflito continua sendo fundamental pois ainda é usada para demonizar a Coreia Socialista depois que os norte-americanos utilizaram o ataque como pretexto para desencadear uma das guerras mais bárbaras da História. Uma guerra em que os EUA mataram 4,2 milhões de coreanos.
A guerra eclodiu no dia 25 de junho de 1950, quando o império estadunidense instigou seus fantoches sul-coreanos a atacar a jovem República Popular Democrática da Coreia (RPDC), numa guerra injusta e agressiva, cujo objetivo era conquistar toda península coreana para atender os interesses geopolíticos dos EUA.
Inspirados pelo ideal Juche, os coreanos liderados por Kim Il Sul lutaram bravamente para defender a soberania e a integridade do país.
Aliás, os americanos cobiçavam a Coreia desde o século 19, quando para lá enviaram várias expedições. Em 1866, o “general Sherman”, dos EUA, navegou o Rio Taedong acima, em direção a Pyongyang, mas foi rechaçado devido à luta do povo local liderado por Kim Ung U, bisavô de Kim Il Sung.
Outras expedições baseadas no saque e na espoliação das riquezas do país aconteceram naquele período, tanto que, ainda no período da colonização japonesa, no início do século XX, os americanos controlavam concessões de mineração de ouro remanescentes ainda do período feudal.
Na Conferência de Teerã, após o conflito mundial, os EUA, em sua sanha colonizadora, chegaram a propor que a Coreia fosse tutelada por 40 anos.
Depois que a Coreia foi libertada do jugo japonês, em 1945, as tropas dos EUA ocuparam o sul do país no dia 8 de setembro, quase três semanas após o Japão ter sido derrotado em 15 de agosto, impondo, ali, uma administração militar direta em conluio com Syngham Rhee, um déspota fascista, corrupto e odiado pelo povo.
A fundação da República Popular Democrática da Coreia se deu no dia 9 de setembro de 1948, o que incomodou os EUA, decididos em transformar a península coreana numa espécie de cabeça de ponte no nordeste da Ásia para os seus interesses econômicos, comerciais, militares, enfim, geopolíticos.
Um ano depois, a vitória da Revolução Chinesa estimulou os imperialistas norte-americanos a se mobilizarem militarmente contra a Coreia do Norte.
John Foster Dulles, então secretário de Estado dos EUA, o mesmo que ganhara muito dinheiro por meio de negócios com o Partido Nazista alemão nos anos 30, era um conhecido arquiteto dessa política de “reversão” do comunismo. Ele escreveu um livro chamado “Guerra ou Paz”, defendendo a “libertação” dos países socialistas. Internamente, os EUA baniram o Partido Comunista e desencadearam uma onda de histeria anticomunista conhecida como macarthismo, na qual até mesmo liberais não comunistas foram perseguidos.
A agressão à Coreia tinha também outro objetivo muito claro: alimentar o programa militar dos EUA. A península coreana era apenas um dos focos da política expansionista que os imperialistas adotavam em todo mundo com o estabelecimento de bases militares.
Naquele momento, a RPDC foi encarada como o principal campo de testes para a tal “reversão” defendida por Dulles e os formuladores da política expansionista dos EUA, afinal, consideravam mais provável ganhar uma guerra física contra o mundo socialista na Ásia do que travar um embate na Europa contra a União Soviética, até porque impensável à época.
De acordo com um documento oficial divulgado pelo Congresso dos EUA, foram entregues mais de 145.000 rifles, cerca de 2.000 metralhadoras e submetralhadoras, mais de 2.000 peças de vários calibres, 4.900 veículos ímpares, 79 navios de guerra e outros equipamentos somente para o exército fantoche sul-coreano em 1949. É notável que a marinha marionete sul-coreana foi amplamente expandida.
O número de tropas sul-coreanas equipadas por meios de guerra e treinadas da maneira americana chegou a mais de 100.000 em setembro de 1949. As tropas fantoches eram controladas através do “Grupo Consultivo Militar Americano” na Coreia do Sul. Em 26 de janeiro de 1950, os EUA concluíram o Tratado de Defesa Mútua EUA-Coreia do Sul. Em 14 de abril de 1950, uma diretiva secreta do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, a NSC 68, autorizou o início do conflito.
A RPDC, a partir de então, foi atacada mais de duas mil vezes pelos imperialistas dos EUA que posicionaram a maior parte do exército de marionetes sul-coreanos no front, ao longo do Paralelo 38, e incessantemente perpetraram provocações armadas contra a Coreia do Norte. Em 1949, esse mesmo exército fantoche invadiu áreas da RPDC, como o Monte Songak, o Monte Unpha e outras regiões, causando muitos danos e vítimas.
Dulles, o principal defensor e autor da estratégia anticomunista dos EUA, visitou a Coreia do Sul em junho de 1950, poucos dias antes do início da agressão à jovem República do norte. Sua visita não foi mera coincidência.
No início da manhã de 25 de junho, as forças sul-coreanas, sob o comando do Grupo Consultivo Militar Americano, iniciaram o ataque à Coreia do Norte. O 17° Regimento do exército sul-coreano avançou em Taetan e Pyoksong e a 1ª Infantaria atacou na área de Kaesong. Eles avançaram 12 km no território da RPDC. A Coreia do Norte exigiu a interrupção dos ataques, mas foi ignorada – e só depois resolveu lançar uma contraofensiva, após várias advertências.
Os EUA exigiram, então, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, o que aconteceu sem a presença da União Soviética e da jovem República Popular da China, que, naquele período, foi mantida fora de seu assento legítimo. Além disso, ninguém da RPDC foi autorizado a apresentar o seu caso perante o Conselho. Em vez disso, o órgão publicou uma resolução culpando a Coreia do Norte por iniciar a guerra e autorizou o uso da força de nações membros da ONU.
A resolução constituiu-se num pretexto legal para os Estados Unidos envolverem vários outros Estados na guerra, além de agredir a própria Carta da ONU que estabelecia que a organização não poderia intervir nos assuntos internos de nações soberanas. No caso da Península Coreana, haviam dois governos estabelecidos, portanto, a ONU não poderia interferir à favor de um deles como o fez.
Com esse respaldo, os EUA acionaram grandes contingentes de forças armadas para a guerra, incluindo as de seus países satélites à época, como a Grã-Bretanha.
A segunda falácia é de que os EUA não foram derrotados naquele conflito.
Bevin Alexander, um historiador militar de extrema-direita e extremamente anticomunista dos EUA, que foi oficial do Exército dos EUA durante a Guerra da Coreia, referiu-se à Guerra de Libertação da Pátria como “a primeira guerra que perdemos”.
Todavia, no início da guerra, os EUA estavam convencidos da vitória sobre um país pequeno: os americanos tinham, naquela época, uma população 20 vezes maior que a RPDC e um território 100 vezes maior. Além disso, travaram mais de cem guerras de agressão e haviam emergido como um país vitorioso da Segunda Guerra Mundial. Possuíam, ainda, uma enorme máquina militar e um império de bases militares em todo o mundo.
O povo coreano liderado pelo líder revolucionário e herói nacional marechal Kim Il Sung, brilhante estrategista militar, enfrentou uma feroz luta anti-imperialista e de libertação nacional.
De um lado Davi e do outro Golias, literalmente.
Solidários à luta de libertação da RPDC estavam a União Soviética, que saia de uma guerra na qual perdeu mais de 20 milhões de homens e mulheres e sofreu imensuráveis prejuízos materiais, e a China Socialista, cuja Revolução acabava de acontecer.
Por isso mesmo, Kim Il Sung, sabendo das limitações de seus aliados, declarou à época: “Devemos resolver nossos problemas não importa quem está nos ajudando e que ajuda recebemos. A vitória deve ser conquistada pela nossa força”. O dirigente sempre destava o fato de que o resultado da guerra não seria determinado apenas pelo tamanho dos exércitos ou o poderio das armas, mas, principalmente, pela ideologia daqueles que detém as armas.
Durante a Guerra de Libertação da Pátria foram aplicadas táticas totalmente novas baseadas na Ideia Juche. Por exemplo, o Exército Popular da Coreia desenvolveu uma guerra de túneis, um novo conceito. Em um artigo, o escritor coreano Han Ho Suk escreveu que “a experiência da Coreia do Norte na escavação de túneis para a guerra foi demonstrada durante a Guerra do Vietnã. A Coreia do Norte enviou cerca de 100 especialistas em guerra de túneis para o Vietnã para ajudar na escavação dos túneis de 250 km das tropas do Vietnã do Norte e Vietcong no Vietnã do Sul. Os túneis foram fundamentais para a vitória vietnamita”.
A partir daí, o Exército Popular da Coreia (EPC) e as Forças Populares de Segurança da Coreia (FPSC) passaram a uma contraofensiva imediata, empurrando os sul-coreanos de volta, algo sem precedentes na história da guerra, tanto que, no terceiro dia do conflito, 28 de junho, Seul, a capital do sul, foi libertada pelo EPC, fato considerado desastroso para as tropas do sul marionetadas pelos americanos.
Diante do imprevisto, os EUA começaram a bombardear fortemente toda a Coreia e atraíram forças de guerra de alguns países satélites. Calcula-se que 73 milhões de toneladas de materiais de guerra foram usados na guerra que se estendeu até 27 de julho de 1953, quando o império norte-americano teve que se ajoelhar e assinar o Acordo de Armistício.
Resultado: durante os três anos da Guerra de Libertação da Pátria, os imperialistas perderam mais de 1,5 milhão de homens, sendo 405 mil de suas próprias forças armadas e uma enorme quantidade de equipamentos de combate e suprimentos de guerra, incluindo 12.200 aeronaves, 560 navios de guerra e navios em geral, mais de 3.200 tanques e veículos blindados de diferentes tipos, mais de 13.350 caminhões e 7.690 peças de artilharia de vários tipos. A perda sofrida pelos EUA foi 2,3 vezes maior do que a que sofreram nos quatro anos da Guerra do Pacífico durante a Segunda Guerra. Estatísticas oficiais dos EUA mostraram que, durante cada um dos três anos da Guerra da Coreia, eles perderam o dobro do número de soldados mortos em cada ano da Guerra do Vietnã.
Os próprios americanos reconheceram a derrota. Marshall, ex-secretário de Estado, afirmou que “o mito foi destruído” e que “nós não somos um país forte como os outros pensavam”. Já o sórdido senador McCarthy admitiu que “sofremos uma séria derrota na Coreia”.
O secretariado executivo da Organização de Solidariedade com os Povos da Ásia, África e América Latina resumiu o resultado da guerra numa manifestação em 19 de junho de 1968: “sob a soberba liderança do Marechal Kim Il Sung, o Exército Popular e o povo da Coreia, que herdou as tradições da gloriosa Luta Armada Anti-japonesa, combateu heroicamente e derrotou o imperialismo norte-americano, em defesa da liberdade, da pátria e dos ganhos da revolução, contribuindo grandemente para a luta anti-imperialista de libertação nacional dos povos do mundo, para a luta pelos direitos humanos, pela paz na Ásia e no mundo. Esta vitória histórica do povo coreano mostrou que nenhuma força na terra pode pôr de joelhos um povo que luta pela independência e liberdade de seu país”.
Foi a primeira vez que os EUA foram obrigados a beijar a lona depois da Segunda Grande Guerra.