O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, depôs nesta sexta-feira para o Ministério Público, para dar explicações acerca das decisões adotadas ao longo da pandemia do coronavírus – como a de não ter isolado imediatamente a região de Bérgamo, assim como da manutenção de atividades já com casos detectados – entre as falhas que levaram à morte de mais de 34 mil pessoas.
Por mais de três horas a promotora Maria Cristina Rota conduziu o interrogatório, realizado na sede do governo do país, ouvindo opiniões e informações ainda sem atribuir responsabilidade de delitos pela mortandade.
Além de Conte, foram convocados a prestar esclarecimentos a ministra do Interior, Luciana Lamorgese, e da Saúde, Roberto Speranza, igualmente envolvidos no fracasso no combate à Covid-19. No final de maio também foram interrogados o governador da região, Attilio Fontana, e o conselheiro local de Saúde, Giulio Gallera.
A partir de uma série de depoimentos, o Ministério Público busca identificar as razões pelas quais a Lombardia, no norte do país, se transformou na mais afetada da Itália pela propagação do novo coronavírus – especialmente em Bérgamo -, e se houve responsabilidade política na tragédia sanitária.
A Lombardia, que tem Milão como capital, é a região mais afetada na Itália, com 91 mil dos 236 mil contágios registrados em território. As mortes chegam a 16 mil, de todas as 34 mil ocorridas. Somente em Bérgamo, ocorreram oficialmente cerca de 2,8 mil óbitos, mas a prefeitura projeta que os números reais podem chegar a 6 mil.
Neste sábado, Conte deu início a uma conferência com representantes de instituições e parceiros para debater novos projetos econômicos, em que admitiu que a Itália está “passando por um choque sem precedentes, com custos humanos, sociais e econômicos muito altos”. Sem reconhecer sua responsabilidade pela atual situação, limitou-se a dizer que o país não pode ter “o luxo de voltar ao status quo que precedeu essa crise” e que “o relançamento da economia deve se enquadrar em uma estrutura geral e estar conectado ao esforço coletivo europeu”.