Com as recentes declarações do ministro das Comunicações, Fábio Farias, e o avanço do projeto que permite a privatização dos Correios, crescem as manifestações de repúdio de entidades, parlamentares e lideranças contra a venda deste patrimônio público. Em comentário via redes sociais nesta quarta-feira (4), a ex-deputada do PCdoB, Manuela d’Ávila criticou a iniciativa do governo de Jair Bolsonaro.
“Os Correios tiveram um lucro de R$ 100 milhões em 2019 e têm papel fundamental na soberania nacional do nosso país”, disse Manuela. Ela complementou dizendo que “quem defende a sua privatização quer vender mais uma empresa brasileira a preço de banana e acabar com o serviço público do Brasil. Cobre seu deputado”, disse Manuela.
Na segunda-feira (2), em pronunciamento feito em rede nacional de rádio e TV, o ministro das Comunicações de Bolsonaro, Fábio Faria, defendeu a privatização e disse que o projeto deverá ser pautado ainda nesta semana na Câmara.
O pronunciamento foi criticado pelas entidades representativas dos trabalhadores que denunciaram que os argumentos apresentados pelo ministro estavam permeados por mentiras.
A Associação dos Trabalhadores dos Correios (Adcap) afirmou em nota que Fábio Farias, entre outras mentiras, ignorou que os balanços dos Correios desde 2017 registraram superávits para passar uma ideia de que a empresa é deficitária – tentando atribuir a pecha de corrupta à estatal tentando “iludir a audiência, passando a impressão de que só agora, no atual governo, os resultados foram positivos”.
O deputado federal e ex-ministro das Comunicações, André Figueiredo (PDT-CE), em debate online promovido pela Fundação Leonel Brizola, afirmou que dos 20 maiores países do mundo em extensão territorial, caso vença o projeto privatista, “o Brasil será o único a eventualmente ter a sua empresa de serviços postais 100% privatizada”.
De acordo com os dados divulgados pelo portal UOL, os Correios tiveram lucro de mais de R$ 12 bilhões nos últimos 20 anos e, além de não depender de recursos do Tesouro, repassou 73% do lucro obtido ao governo federal, seu único acionista.
Os Correios cumprem, ainda, um importante papel social, sendo a única empresa que realiza entregas em todos os 5570 municípios, enquanto as empresas do setor privado operam em cerca de 300 – apenas nos mais rentáveis – e, como já mencionado, se valem dos serviços da estatal para entregar nos demais. A privatização representa o risco de que os municípios mais afastados e bairros das periferias das grandes cidades – tidos como “zonas de risco” – deixem de ser atendidos pelos serviços postais.