Com os bloqueios de verbas anunciados pelo governo Bolsonaro, o Exército Brasileiro será obrigado a dispensar pelo menos 25 mil dos 80 mil recrutas no início de outubro e ainda funcionar somente meio expediente por dia.
A dispensa dos soldados, prevista em todo o país, terá como consequência direta o agravamento do quadro de desemprego. A situação é mais grave em cidades do interior em que jovens dependem do trabalho nos quartéis.
Além dos cortes no número de recrutas, o Exército também prevê reduzir operações militares. A situação no Exército já era crítica e foi agravada com os cortes, no primeiro semestre, de R$ 180 milhões que seriam destinados a despesas.
Segundo os militares, a redução contínua no orçamento da Força – neste ano é de R$ 620 milhões, mesmo valor de 2009 -, futuramente pode comprometer até mesmo gastos do dia a dia, como contas de luz, gás, telefone, combustível e até munição.
Em seu discurso na transmissão do cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército, o general Marcos Antônio Amaro advertiu que “os insuficientes recursos no orçamento para aquisição e manutenção dos meios e para desenvolvimento das atividades da Força vêm reduzindo a sua operacionalidade a patamares inadequados às suas missões constitucionais e subsidiárias”. Amaro assumiu o Comando Militar do Sudeste, em São Paulo.
Jair Bolsonaro atropelou a instituição e já adiantou para a imprensa que o Exército Brasileiro vai funcionar somente meio expediente por dia por falta de verbas.
“Nós estamos aqui tentando sobreviver ao corrente ano. Não tem dinheiro. Eu já sabia disso e fui fazendo milagre, conversando com a equipe econômica com o que podemos fazer para sobreviver. O Exército vai entrar em meio expediente, não tem comida para dar ao recruta, que é filho de pobre”, disse ele no sábado (17).
A falta de recursos foi discutida na semana passada pelo Alto-Comando do Exército em Brasília, com a presença de 16 generais. Nenhuma solução está no horizonte. Outra consequência da falta de recursos é que o Exército não deve conseguir atender a pedidos para emprego da tropa em situações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como as recentes operações no Rio de Janeiro.
Diante das dificuldades, Bolsonaro não aponta solução, apenas confirma que sua administração segue sem fazer nada pela retomada do crescimento econômico. “O Exército vai entrar em meio expediente, porque não tem comida para dar para o recruta, que é o filho de pobre. A situação que nós encontramos é grave. Não há maldade da minha parte. Não tem dinheiro, só isso, mais nada”, confessou o chefe do Executivo.
Há três semanas, o governo já havia anunciado um bloqueio de R$ 1,44 bilhão no Orçamento da União, por causa da frustração de receitas decorrente da queda na previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019. “O Brasil todo está sem dinheiro. Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Os ministros estão apavorados, estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano, não tem dinheiro”, disse Bolsonaro.