O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), repudiou na terça-feira (30) o discurso de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, morto durante a Ditadura militar. “Absurdo, inaceitável, incompatível com a República democrática”, afirmou o neto de Mário Covas, que teve os direitos políticos cassados.
“O presidente precisa falar menos e governar mais. A sociedade não vai tolerar posturas antidemocráticas e gestos de intolerância. Como advogado, me solidarizo com a OAB; como cidadão me indigna comportamento que vai contra o processo civilizatório”, protestou Covas.
Outros tucanos, entre eles o presidente nacional da legenda, deputado Bruno Araújo (PE) e da governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também criticaram a fala do presidente da República. “Sou filho de um deputado cassado pela ditadura, que foi para o exílio e perdeu quase tudo durante esse período. Inaceitável. Foi uma declaração infeliz do presidente Bolsonaro“, afirmou Doria, durante coletiva.
Horas depois de dizer como teria morrido Fernando Santa Cruz, Bolsonaro voltou ao assunto, dizendo, em vídeo postado nas redes sociais, que não foram os militares que desapareceram com Fernando Santa Cruz, mas sim integrantes do próprio grupo de esquerda em que militava.
“De onde eu obtive essas informações? Com quem eu conversei na época, oras bolas”, disse. “Não foram os militares que mataram ele, não, tá? É muito fácil culpar os militares por tudo o que acontece”, prosseguiu.
Documentos da própria Aeronáutica desmentem as afirmações de Bolsonaro e confirmam que Fernando Santa Cruz foi morto pelo regime militar. Inclusive recentemente foi expedido atestado de óbito oficial confirmando que o militante político foi morto pelo Estado. As declarações de Bolsonaro geraram repúdio generalizado da sociedade.