Flórida, Texas, Arizona, Arkansas, Delaware, Idaho, Louisiana, Maine, Nevada, Novo México e Carolina do Norte suspenderam novas fases de relaxamento
Após os EUA terem, na quinta-feira, quebrado o recorde de abril de novos casos de Covid-19, com quase 40 mil casos, pelo menos 11 Estados anunciaram o adiamento de novas etapas da reabertura da economia e inclusive recuos.
Sob a política de reabertura de qualquer jeito, em curso desde 1º de maio sob estímulo de Trump, três dos quatro Estados mais populosos do país, Califórnia, Texas e Flórida, estão vendo uma escalada de contágios, e alta já chega a 30 Estados. A média de sete dias de novos casos já está no patamar do pior momento da crise do coronavírus em abril, mais de 33 mil casos.
Os Estados que suspenderam novas fases de relaxamento das medidas contra o coronavírus são: Flórida, Texas, Arizona, Arkansas, Delaware, Idaho, Louisiana, Maine, Nevada, Novo México e Carolina do Norte.
NEGACIONISMO CRIMINOSO
Já a comissão antipandemia da Casa Branca, que vinha sendo ostensivamente escanteada pelo presidente Donald Trump, depois de quase dois meses de silêncio realizou uma coletiva na sexta-feira, na qual o vice Mike Pence asseverou que estava “tudo sobre controle” e saudou o “notável progresso” do governo Trump em lidar com o coronavírus.
O que não mudou a realidade: sob a inépcia e obscurantismo do governo Trump, que chegou a chamar a covid-19 de “gripe comum” que “desapareceria com o calor” e depois andou receitando cloroquina a torto e a direito, e até recomendando injetar água sanitária no pulmão dos doentes, os EUA se tornaram recordista mundial em infecções e óbitos pelo novo patógeno. Nos EUA, o coronavírus já infectou 2,4 milhões de pessoas e causou 124 mil mortos.
78% DE CASOS A MAIS EM 24 HORAS
Em 24 horas, a Flórida sofreu nesta sexta-feira um alta de 78,7% no número de novos casos da Covid-19, para 8.942. No início da semana, segunda-feira, esse total havia sido de 2.926. No total, a Flórida tem 122.960 casos e vai adiar a reabertura do comércio.
O governador do Texas, Greg Abbott, anunciou a suspensão temporária da reabertura gradual do Estado depois de registrar mais de 5 mil novos casos diários por três dias consecutivos e bater recorde de internações por covid-19 durante 13 dias seguidos.
As taxas de hospitalização no Arizona agora são mais altas do que em qualquer outro momento da pandemia. O Estado relata que leitos de UTI e regulares estão quase lotados.
É uma situação “de partir o coração” e que exige ações mais rigorosas imediatamente, disse à CNN o Dr. Peter Hotez, da Baylor College of Medicine, em Houston. “Temos que salvar vidas neste momento”.
No comício de Tulsa na semana passada, o presidente Trump afirmou que o problema de haver tantos casos novos de Covid-19 era de que estavam testando demais e que pedira “aos amigos” para frear a testagem. Inclusive seu governo chegou a cortar o financiamento federal de 13 locais de testes e sentou sobre US$ 8 bilhões aprovados pelo Congresso com essa finalidade.
No seu afã de reabrir de qualquer jeito, o presidente Trump chegou a convocar turbas para “libertar o Michigan” – e outros Estados – do distanciamento social. O que não o impede de asseverar ter “salvo centenas de milhares, ou milhões de vidas” com a quarentena e de se distanciar do amigo Bolsonaro e da imunização de rebanho.
O aumento repentino dos casos confirmados nos últimos dias não é surpresa, disse outro especialista em saúde. “Todos os epidemiologistas estavam dizendo, gritando o mais alto que pudemos, que três semanas após o Memorial Day, teríamos um pico nos casos, e cinco semanas após o Memorial Day começaríamos a ver um pico de hospitalizações e mortes”, disse o epidemiologista Larry Brilliant à CNN na noite de quinta-feira.
“Se você deixa todo mundo sair sem máscaras faciais e sem distanciamento social no meio de uma pandemia, isso é o que estava previsto”.