ELIAS JABBOUR (*)
O ressurgimento com força do fascismo no ocidente, principalmente nos EUA, fez emergir uma série de fenômenos do chamado campo da subjetividade, com finalidades políticas específicas. A difusão de fake news é uma delas. Uma mentira não é somente contada mil vezes, mas milhares de vezes e espalhadas por redes sociais controladas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, com a clara intenção de desestabilizar governos e sociedades. As fake news são parte de um fenômeno que os filósofos chamam de “pós-verdade”. A pós-verdade é informação que distorce deliberadamente a verdade, ou algo real, caracterizada pelo forte apelo à emoção, e que, sob forte base, opiniões historicamente distorcidas, em detrimento de fatos apurados, tende a ser aceita como verdadeira, influenciando a opinião pública e comportamentos sociais. A China no ocidente é o alvo preferido dos dois fenômenos, as fake news e a “pós-verdade”.
Nenhum país no mundo é vítima de tantas mentiras criadas por seitas de extrema-direita, sediadas no coração do imperialismo, como a China. A política de Covid zero implementada pelo governo chinês, como forma de redução máxima de danos da pandemia, é um exemplo claro de pós-verdade. Vamos imaginar uma hipótese: um país não soube lidar com a pandemia e perdeu mais de um milhão de vidas. Outro país colocou a vida humana na frente dos lucros empresariais e até agora não chegou a 5.500 mortes por conta desta pandemia. Continuando, abrimos os jornais ocidentais e vemos uma notícia muito comum: “o fracasso da política de Covid zero na China”. Agora respondemos: partindo deste tipo de matéria jornalística, qual seria o país que não soube lidar com a pandemia e teve um milhão de mortos e o que fez o que deveria ter sido feito e calculou poucas mortes? Evidente que no ocidente, e seu império de mentiras, as pessoas imaginam que na China milhões de pessoas “vítimas de uma ditadura” morreram por Covid-19 enquanto que nos Estados Unidos preservou-se a “liberdade individual” e assim tudo foi feito de forma correta.
Isso é um exemplo de pós-verdade. A verdade é que enquanto o ocidente naturaliza a morte e fomenta a guerra, o socialismo salvou vidas e mesmo após certo controle da pandemia continua com uma política implacável de tolerância zero não com o vírus em si, mas contra a morte de pessoas. A maior diferença entre socialismo e capitalismo em nossa época é que enquanto o capitalismo não demonstra o menor respeito pela vida humana e expõe pobres e minorias à morte por um vírus controlável, o socialismo em nenhum momento vacilou em quem vinha primeiro, a vida ou os lucros. Trata-se de uma decisão soberana chinesa de manter essa política em detrimento de seus efeitos para a economia internacional. A culpa dos EUA terem se transformado em uma economia baseada na especulação financeira não é da China. Cada país que busque soluções alternativas para seus problemas, enquanto devem tentar aprender com outros países sobre as políticas certas. A “pós-verdade” impede que a humanidade tenha acesso ao que a China fez de forma exemplar durante a pandemia. O momento deveria ser de aprendizado com a China que, se tivesse a mesma postura dos EUA, estaria com cerca de sete milhões de mortes!
O que o mundo deveria saber é que a China, ao contrário dos Estados Unidos, que negou o direito humano básico de assistência médica decente capaz de salvar vidas de pobres, negros e latinos e onde o tratamento para Covid-19 custava até US$ 25 mil, a China construiu um sistema único capaz de identificar fontes de infecções e 13,1 mil instituições médicas com capacidade de teste com 51,65 milhões diários. Algo inigualável no mundo.
O ocidente, tendo à frente os Estados Unidos, não somente se transformou em um ninho de seitas de extrema-direita, negacionistas da ciência, onde fanáticos religiosos minam esforços de profissionais médicos e que está a entregar bilhões de dólares em armas para uma “guerra infinita” da Ucrânia contra a Rússia e lança milhares de mentira diárias contra a China. O momento é de cooperação mútua entre todos os povos e nações na busca por soluções a problemas comuns a toda humanidade. O socialismo mostra sua superioridade. O ocidente reinventa a lógica nazista de transformar uma mentira contada mil vezes em verdade.
(*) Elias Jabbour, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ). Artigo produzido em colaboração com a Rádio Internacional da China.