Diretora do instituto revela que o cenário piorou após os atos bolsonaristas do 7 de Setembro. Apenas na última terça-feira (13), os 470 pesquisadores contabilizaram 10 ocorrências em diferentes regiões do país
Equipes do Datafolha denunciaram, na última quarta-feira (14), que têm sido alvo de hostilidade crescente durante as entrevistas para as pesquisas eleitorais do instituto.
Apenas na última terça-feira (13), os 470 pesquisadores contabilizaram 10 ocorrências em diferentes regiões do País.
De acordo com a Folha de S.Paulo, houve casos nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Em Goiânia, entrevistador teria sido empurrado por homem que se identificou como bolsonarista e afirmou que não queria pesquisador do instituto na região.
Para a Folha, a diretora do instituto, Luciana Chong, relatou que já existiam casos em que pessoas passavam gritando, intimidando e acusando o Datafolha de ser comunista. Depois do feriado do 7 de Setembro, no entanto, ela notou piora neste cenário.
ATAQUE BOLSONARISTA
Na quarta-feira (14), viralizou um vídeo de pesquisadora gravada por bolsonaristas no dia anterior na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo. “Se você é bolsonarista, ela não aceita, só aceita do Lula”, disse o autor da gravação, que usa outras expressões como: “Datafolha lixo”, “pilantragem do Datafolha”, “canalha”, “sujo”, “mentira”, “falsa”, “falcatrua”.
Os pesquisadores do instituto recebem treinamento padronizado, que determina que pessoas que se oferecem para serem entrevistadas devem ser obrigatoriamente evitadas, para que a amostra seja aleatória.
“Como parte do material de todos os pesquisadores são checados remotamente, a transgressão dessa norma leva ao cancelamento automático de todos os questionários desse pesquisador”, afirmou o instituto em nota após a reverberação do vídeo. “A pesquisadora não só atendeu a todos os parâmetros que uma pesquisa séria deve seguir, mas também protegeu o objeto de seu trabalho.”
METODOLOGIA DO DATAFOLHA
A metodologia do Datafolha prevê pontos específicos para a realização das entrevistas. No caso de mudança para outro ponto entre os mapeados, é preciso autorização da equipe de planejamento.
O instituto diz que, nos levantamentos nacionais ou estaduais, primeiro são sorteados os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas.
O Datafolha também usa cotas proporcionais de sexo e idade de acordo com dados obtidos no IBGE e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Outras instruções são as de não dar permissão para ser filmado e a de não usar o crachá do Datafolha enquanto estiver se deslocando, apenas enquanto estiver realizando as entrevistas.
M. V.