A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) iniciou ontem (12) o 5º Congresso Nacional da entidade, que acontece em formato híbrido (presencial e virtual) até o dia 14, com a presença de cerca de 3 mil filiados.
Na abertura do evento, o presidente da CTB, Adilson Araújo, apontou que o congresso “acontece em meio a um ambiente de grave crise sanitária, econômica, política e de sucessivos ataques contra a classe trabalhadora”.
“Ao mesmo tempo, vivemos um momento de conturbada transição geopolítica no mundo”, disse o líder sindical, referindo-se à questão internacional, que foi o primeiro tema debatido no congresso.
O seminário “Crise global do capitalismo e o futuro do trabalho” contou com a presença da Federação Sindical Mundial (FSM), da COSATU- África do Sul, da PITCNT-Uruguai, CGTPIn-Portugal e CTC-Cuba.
O momento “impõe a formação de uma ampla frente social e política para deter a crise sanitária, intensificar a campanha Fora Bolsonaro, afastar o genocida do Palácio do Planalto, mudar a política econômica e promover a recuperação da economia e do emprego”, conclamou o sindicalista.
Os documentos e propostas para o debate do Congresso foram apresentados por Nivaldo Santana, secretário de Relações Internacionais da CTB. Nivaldo afirmou que o principal objetivo da Central na atual conjuntura é a campanha “Fora Bolsonaro” e a denúncia contra as ameaças de golpe praticadas pelo presidente. “A oposição está crescendo enquanto a popularidade do presidente cai”, ressalta. “É preciso avançar neste sentido, afastar Bolsonaro e formar um governo de reconstrução nacional, orientado por um novo projeto de desenvolvimento, com democracia, valorização do trabalho”, defendeu.
HOMENAGEM A WAGNER GOMES
Em sua fala, Adilson Araújo fez um emocionante discurso em homenagem ao sindicalista Wagner Gomes, ex-presidente e secretário geral da Central, que faleceu na madrugada da última terça-feira (10), vítima de um infarto fulminante.
“Vivemos dias de luta e um momento particularmente doloroso porque acabamos de perder o grande camarada e amigo Wagner Gomes, fundador e presidente da CTB nos dois primeiros mandatos”.
Adilson falou da “defesa das causas da classe trabalhadora” que marcou a vida de Wagner, e aproveitou para registrar o “profundo pesar pela morte deste estimado companheiro e de dezenas de lideranças sindicais que nos deixaram durante a pandemia, em sua maioria sacrificadas pela política genocida do governo”.
COMBATE AO DESEMPREGO
“O desemprego atingiu níveis alarmantes. Mais de 50% da população em idade ativa não tem ocupação, sendo condenada a uma ociosidade forçada. Isto não só configura um desperdício colossal das forças produtivas nacionais como impõe um grande sofrimento ao povo brasileiro, ampliado pelas consequências devastadoras da pandemia”, afirmou o sindicalista.
Ao apontar os mais de 564 mil mortos pela covid-19 no país, Adilson afirmou que “a tragédia é, em larga medida, responsabilidade do líder da extrema direita, que promoveu um autêntico genocídio”.
Ele citou a política negacionista do governo, e a política sanitária, “que foi desvirtuada pela corrupção na aquisição de vacinas, numa trama surrealista revelada em diversos depoimentos na CPI da Covid”.
“Sob Bolsonaro e Pazuello o Ministério da Saúde foi transformado num balcão de negócios cuja principal mercadoria é a vida do povo. O enriquecimento ilícito teve por contrapartida a multiplicação dos óbitos por covid”, acusou.
Para o líder sindical, “acuado pela CPI da covid e pela crescente rejeição popular, Bolsonaro refugia-se nas ameaças golpistas. Agride ministros do STF enquanto costura uma aliança com o Centrão para evitar o impeachment”.
E alerta que “os arroubos golpistas do chefe do Executivo são frequentes e os riscos de um novo golpe não devem ser subestimados”, lembrando da última terça-feira, quando “o Brasil assistiu mais um desatino do gênero ao patrocinar um patético desfile militar em Brasília”.
DEFESA DA DEMOCRACIA
“A defesa da democracia e de novos rumos para o país está na ordem do dia. Impõe-se a formação de uma ampla frente social e política para superar a crise sanitária, econômica e política; defender a democracia, intensificar a campanha Fora Bolsonaro, afastar o genocida do Palácio do Planalto, acelerar a campanha de imunização, mudar a política econômica e promover a recuperação da economia e do emprego. É o que propõem os textos que orientam os debates do 5º Congresso da CTB”, finalizou o presidente da central.
O congresso prossegue com uma ampla programação, com diversas atividades políticas e culturais, além da deliberação de unificação da CTB com a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).
Durante o Congresso, serão definidos os planos de luta da entidade, eleição e posse da nova diretoria e um ato político no encerramento do evento com a participação da Federação Sindical Mundial (FSM), Centrais Sindicais, Movimentos Sociais e Lideranças Políticas.