Com duas vacinas já testadas, o governo cubano prevê que 70% dos 11,2 milhões de habitantes da Ilha estejam vacinados contra a Covid-19 em agosto e toda a população antes do final do ano.
Nesta segunda-feira (21) foi anunciado que a vacina Abdala apresenta uma eficácia de 92,28%. Os dados são dos últimos estágios do estudo clínico, com informações da Agência Cubana de Notícias.
A Abdala, um dos cinco imunizantes já em ensaios clínicos no país, é desenvolvida pelo Instituto Finlay de Vacinas e pelo CIGB (Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia) de Cuba e a imunização consta de três doses administradas com 14 dias de diferença.
O resultado foi apresentado ao presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, que afirmou que este é “um acontecimento que multiplica o orgulho deste país e de seus cientistas. Essa notícia de 92,28% que nos coloca em um patamar de vanguarda avançado e também confirma tudo o que tem sido defendido com este resultado”, disse.
“Em menos de 48 horas, foram lançadas duas notícias que são marcos científicos em uma pequena ilha bloqueada”, acrescentou Díaz-Canel.
A notícia foi divulgada dois dias após ter sido anunciado que outra das vacinas experimentais cubanas, a Soberana 02, também do Instituto Finlay, obteve 62% de eficácia nos resultados preliminares dos ensaios clínicos depois da segunda dose, realizados inteiramente em Havana com 44.010 voluntários.
“Com o país atingido por duas pandemias (Covid-19 e bloqueio, nossos cientistas do Finlay e CIGB, superaram todos os obstáculos e nos deram duas vacinas muito eficazes: Soberana 2 e Abdala”, afirmou Díaz-Canel.
Além das duas vacinas já com tais resultados de eficácia, Cuba tem outras 3 vacinas candidatas em ensaios clínicos. A expectativa é que os pedidos de autorização de uso emergencial para esses imunizantes sejam feitos à autoridade sanitária cubana nos próximos dias.
Cuba é o primeiro país latino-americano a ter antígenos desenvolvidos por sua própria indústria farmacêutica estatal, uma conquista singular para um país pequeno, que sofre sanções dos Estados Unidos que limitam sua economia.
Na segunda-feira 21, haviam sido administradas no país 4.979.420 doses com vacinas cubanas. Até o momento, 2.277.657 pessoas receberam pelo menos uma dose de uma das vacinas. Destas, 1.776.974 pessoas já recebem uma segunda dose e 924.789 pessoas uma terceira dose.
A acadêmica britânica Helen Yaffe comemorou na terça-feira (22), em Londres, o anúncio de que uma das vacinas de Cuba contra a Covid-19 apresentou 92,28% de eficácia na terceira fase dos ensaios clínicos.
“Esta é uma ótima notícia, não apenas para Cuba, mas para milhões de pessoas no sul global que se beneficiarão com as vacinas cubanas”, disse Yaffe.
Para a especialista em Economia e História Social da Universidade de Glasgow, é também um exemplo da reputação e do desenvolvimento do setor de biotecnologia e saúde pública cubanos, apesar do bloqueio unilateral imposto pelos Estados Unidos à ilha caribenha há quase 60 anos.
“Cuba é o único país da América Latina e do Caribe que terá vacinas desenvolvidas com base em sua capacidade científica e pode se tornar o primeiro do mundo a imunizar toda a sua população com um produto de sua própria colheita”, afirmou.
