Entidade tem feito debate interno a respeito da proposta que estabelece prazo para que o presidente da Câmara analise pedidos contra o presidente da República.
A cúpula da CPI da Covid-19 se reuniu, nesta segunda-feira (20), com a direção nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Na pauta, sugestões que o relatório final da comissão deve fazer em relação a mudanças na lei do impeachment. A entidade tem feito debate interno a respeito da proposta que estabelece prazo para que o presidente da Câmara analise pedidos contra o presidente da República.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) criticou, na última quarta-feira (15), a intenção de o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), propor mudanças na lei do impeachment no parecer final. “Acho que foge do escopo da CPI tratar de um assunto que é constitucional. Não acredito que seja esse o sentimento das duas casas”, disse Lira.
Integrantes da OAB dizem que as alterações na legislação não têm relação específica com o governo de Jair Bolsonaro, mas que elas são necessárias para que o mandatário do Palácio do Planalto não fique com uma espécie de espada na cabeça permanente, e que o instrumento legal não seja usado como moeda política pelo Legislativo.
No início da semana passada, o relator da CPI, Renan afirmou que a proposta de mudanças na legislação estará no parecer dele. Como todo projeto, no entanto, as possíveis alterações na lei que trata do impeachment dependem de aprovação do Congresso.
GRUPO DE TRABALHO NO LEGISLATIVO
Uma das ideias em discussão, mas que ainda não saiu do papel, é a criação de grupo de trabalho no Legislativo para analisar as possíveis mudanças.
Na entidade dos advogados, o debate está baseado numa proposta do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski. O magistrado é um dos principais defensores do estabelecimento de um prazo para que o presidente da Câmara analise pedidos de impeachment. Hoje, por exemplo, há 131 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro na mesa de Lira.
No último dia 10, Lewandowski pediu que a ação que visa a fixação de prazo para que Lira decida sobre pedidos de impeachment contra Bolsonaro seja discutida no plenário físico do Supremo.
Até então, o processo estava no plenário virtual. A relatora, ministra Cármen Lúcia, votou contra a proposta, por entender que a definição de uma prazo pelo STF representaria uma interferência do Judiciário no Legislativo.