O presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Wilames Freire, afirmou que os dados divulgados atualmente pelo Ministério da Saúde sobre a pandemia de coronavírus “não refletem a realidade do país”.
Em entrevista ao Jornal “O Globo”, Wilames destacou que após o apagão de mais de trinta dias do Sistema ConecteSUS, do governo federal, municípios ainda tem dificuldades para incluir as informações sobre a pandemia e os dados da vacinação.
Segundo os dados oficiais, 169.431.198 brasileiros receberam a 1ª dose da vacina contra a Covid, cerca de 78% da população. Um total de 153 milhões de brasileiros, isso equivale a 71,7% da população recebeu as duas doses da vacina.
“Os dados que estão sendo divulgados pelas plataformas do ministério não refletem a realidade do país. Temos municípios no Brasil com 100 mil fichas de vacinação que não foram cadastradas no sistema porque ele ficou muito tempo fora do ar (após o ataque hacker do fim do ano passado)”, disse o presidente do Conasems.
Segundo ele, os secretários mobilizam uma “força-tarefa”, para que “consigamos que o máximo de informações possível seja colocado lá. Assim, saberemos se o município está vacinando e não está colocando os dados no sistema ou se, de fato, essas pessoas não foram vacinadas. O dado que está no Ministério da Saúde hoje não representa a realidade encontrada em muitos municípios do Brasil, principalmente no Norte e no Nordeste”, ressaltou.
Durante a entrevista, Wilames, que também é secretário municipal de Saúde de Pacatuba (CE), ressaltou a necessidade de redefinir a estratégia de vacinação nos locais onde há um baixo nível de cobertura e considerou que o maior desafio no enfrentamento da pandemia neste momento é a falta de uma campanha de conscientização da vacinação, coordenada pelo governo federal.
“O principal gargalo é implantar, através da liderança nacional do Ministério da Saúde, uma campanha de comunicação informativa com muita força. O governo federal deve institucionalizar isso, através das mídias sociais, do rádio, da televisão e dos jornais, os estados e os municípios replicarem, em uma linguagem única. Com isso, tiramos dúvidas com relação à importância de se vacinar. A força da liderança nacional é fundamental”, disse.
