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Mesmo recluso desde que perdeu as eleições para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro tem aproveitado seus últimos momentos no poder para nomear aliados em cargos estratégicos.
De acordo com um levantamento feito pelo portal UOL no Diário Oficial da União, desde o fim do segundo turno Bolsonaro nomeou ao menos 42 pessoas.
Entre as indicações, duas foram para a Comissão de Ética Pública (CNE), responsável por analisar casos de potencial conflito de interesses e desvios de ocupantes de cargos de confiança, cuja nomeação não pode ser desfeita. O indicado irá ocupar o cargo por três anos.
A nomeação mais recente, nesta terça-feira (20), foi a designação do diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, para a função de adido policial federal na Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha, também pelo prazo de três anos.
Bolsonaro também nomeou diretores para agências reguladoras, como a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) — nestes casos, no entanto, os nomes passaram antes pelo crivo do Senado.
Veja quem mais Bolsonaro nomeou:
Seu ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto como diretor-presidente da Embratur, com mandato de quatro anos;
O advogado André Ramos Tavares para ministro substituto do TSE;
Nove integrantes para o CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão ligado ao Ministério da Educação, com mandatos de quatro anos;
14 militares e 13 embaixadores, alterando composições de órgãos militares e trocas, em 11 embaixadas, além de escritórios da ONU;
O policial militar André Porciuncula (PL-BA) para chefiar a Secretaria Especial de Cultura;
O ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Célio Faria Júnior, e João Henrique Nascimento de Freitas, assessor especial da Presidência, para a Comissão de Ética Pública do Executivo Federal, que funciona como instância consultiva para o presidente e ministros.
Em alguns casos, Lula poderá desfazer essas nomeações. O futuro presidente, no entanto, não poderá desfazer as trocas na Comissão de Ética nem no CNE.
O presidente eleito pode, por exemplo, mexer em todos os cargos militares e relacionados ao Ministério de Relações Exteriores a qualquer momento e sem justificativa, menos no diretor-geral da Junta Interamericana de Defesa pelo prazo de dois anos.
A decisão sobre a manutenção de Machado na Embratu também caberá a Lula, que tem a prerrogativa de exonerar presidentes de autarquias. Trata-se também do caso de Porciuncula, por se tratar de um cargo no primeiro escalão do governo.