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O delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, que foi demitido da Superintendência da PF no Amazonas pelo governo Bolsonaro, afirmou que, “neste governo, quando o policial trabalha, é defenestrado”.
Pelas redes sociais, um bolsonarista provocou: “Por que você não vai trabalhar?”.
O delegado, que perdeu o cargo de chefia na PF por ter atuado diretamente no combate às madeireiras ilegais na Amazônia, respondeu: “Porque neste governo, quando o policial trabalha, costuma aparecer ministro para defender bandidos. Em seguida, o policial é defenestrado. Só por isso. Entendeu ou preciso desenhar?”.
Alexandre Saraiva confrontou-se com o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusando-o de ter atuado para liberar cargas apreendidas de madeireiros ilegais. O delegado apresentou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso.
“O ministro fez uma inversão. Tornou legítima a ação dos criminosos, e não do agente público. Então, em linhas gerais, foi isso que nos motivou a fazer a notícia-crime”, explicou.
Em 2020, o delegado da PF apreendeu 213 mil m³ de madeira ilegal na divisa entre Amazonas e Pará, no âmbito da Operação Handroanthus.
Saraiva denunciou que Ricardo Salles e o senador Telmário Mota (PROS-RR) “de forma consciente e voluntária, e em unidade de desígnios, dificultam a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, assim como patrocinam interesses privados (de madeireiros) e ilegítimos perante a administração pública, valendo-se de suas qualidades de funcionários públicos”.
No dia seguinte à notícia-crime, Alexandre Saraiva foi exonerado.
O delegado afirma que existe uma “bancada do crime” no Congresso Nacional que, financiada por grileiros, invasores e madeireiros, atuam para proteger os bens dos grupos criminosos.
“São financiados por esses grupos. [Os senadores] Zequinha Marinho, Telmário Mota, Mecias de Jesus. [O senador] Jorginho Mello, de Santa Catarina, mandou ofício, a [deputada] Carla Zambelli [que] foi lá defender madeireiro. Temos uma bancada do crime, de marginais, de bandidos”, contou.