O deputado Thiago Mitraud (Novo-MG), que preside o grupo de parlamentares que defende a reforma administrativa no Congresso Nacional, quer ser mais radical do que o rei no achaque aos servidores públicos.
Além de defender a inclusão dos atuais servidores na reforma enviada pelo governo ao Congresso, o deputado defende o congelamento dos salários dos servidores públicos.
O projeto do governo, que altera regras para os futuros servidores, com perda de direitos, fim da estabilidade, permissão para contratos temporários e a não obrigatoriedade de concursos públicos, já vem sendo duramente repudiado por entidades de servidores e diversos setores sociais.
O que o deputado defende é ainda pior. Mitraud afirma que o funcionalismo federal “não deve receber reajuste anual, pelo menos até que seus ganhos mensais se aproximem da realidade brasileira” – quer dizer, o deputado prefere nivelar tudo por baixo. “Precisamos congelar salários, sem exceção” no serviço público, diz. Ou seja, o deputado defende que médicos, enfermeiros, o conjunto dos profissionais da Saúde, da Educação, e tantas outras categorias que atendem aqueles que mais precisam devem ter seus salários reduzidos. O resultado não será outro se não o abandono dos serviços públicos e o desmonte cada vez maior do Estado.
As posições defendidas por essa Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa, que é apoiada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, mais parece uma estratégia do próprio ministério para alcançar os seus verdadeiros desígnios. A proposta é o ataque radical ao funcionalismo e ao serviço público, sem, no entanto, desgastar o presidente Jair Bolsonaro, que sairia de bom moço na história, responsabilizando o parlamento pelas mudanças.