Em entrevista ao HP, a presidenta da UNE, Bruna Brelaz, declarou que a entidade intensificou a mobilização para os atos do próximo sábado (2) e que o momento é de unificar a população, os partidos e os políticos contra Bolsonaro
A União Nacional dos Estudantes (UNE) intensificou as mobilizações para os próximos atos pelo impeachment de Bolsonaro, que ocorrem neste sábado (2). A agenda de mobilização conta com atividades nas universidades, incluindo atividades remotas, além de ações de rua como panfletagens, adesivaços, carros de som para dialogar com os estudantes e com o conjunto do povo rumo ao Fora Bolsonaro.
A presidenta da UNE, Bruna Brelaz, afirmou ao HP que, mais do que nunca, é necessário intensificar as mobilizações e consolidar a frente ampla que tem se fortalecido para isolar cada vez mais Bolsonaro. “A nossa missão é construir esse caminho para que a gente não fique mais só respondendo os ataques de Bolsonaro à educação e ao Brasil, mas que a gente derrote esse governo e que, dentro da democracia, possibilite essa discussão de projeto”, disse Bruna.
FRENTE AMPLA
A UNE, que tem tido um papel importante na resistência ao governo Bolsonaro, também tem atuado na formação da frente ampla para derrotar o presidente. “Temos tentado dialogar com todos os setores que são contra Bolsonaro, que são a favor do impeachment, mas que ainda não se juntaram a essas articulações”, afirmou Bruna.
“A gente tem conseguido avançar bastante na conversa com outros partidos que não estavam participando tão ativamente das mobilizações anteriormente. Isso se deu muito porque o dia 7 de setembro teve um papel importante para que outros partidos pudessem se aglutinar na campanha pelo impeachment de Bolsonaro para que a gente pudesse construir as ações unitariamente”, disse Bruna.
A estudante considerou um importante avanço que se tenha conseguido ampliar a participação dos partidos que são a favor do impeachment de Bolsonaro na reunião de organização dos atos do 2 de outubro, nesta última segunda-feira (27).
“Não é somente um campo construindo as manifestações do dia 2, mas outros campos ajudando, auxiliando, entrando em todas as frentes para que os atos aconteçam, o que considero bastante importante”, comemorou Bruna.
Bruna explicou que a diretoria da entidade “atua em duas frentes para a formação da frente ampla: a primeira frente é a atuação institucional, política, ou seja, conversar com essas grandes lideranças: conversamos com FHC, conversamos com Ciro Gomes, queremos encontrar a ex-ministra Marina Silva e outras figuras que podem nos ajudar nesse processo. Queremos conversar com governadores, prefeitos, figuras do parlamento, figuras do campo intelectual e artístico”.
A segunda frente prioritária é a mobilização dos estudantes e da população com as atividades nas universidades e nas regiões mais movimentadas das cidades através de panfletagens, adesivações, carros de som, etc.
“Para além da articulação política, nós também precisamos entender que precisamos conversar com o povo brasileiro, porque Bolsonaro não entrou na presidência da República através de algum ente divino, foi através do voto. Nós precisamos entender quais são as angústias desse povo e porque deixaram se enganar por Bolsonaro, acredito que isso também faz parte da construção da frente ampla e nós precisamos dialogar com o brasileiro que não quer Bolsonaro. Precisamos estar preparados para encontrar essas pessoas nas ruas e a UNE tem se desafiado a dialogar com os estudantes, com o povo brasileiro”, disse a presidenta da UNE.
“Mesmo em período de pandemia e com aula ainda em acesso remoto, temos atuado nesse sentido para ampliar nossa bolha para dialogar com o povo brasileiro. Para construir a frente ampla, na minha opinião, é preciso construir também a mobilização do povo que foi enganado por Bolsonaro e disputar essas consciências, disputar no campo das ideias. Precisamos convencer o povo a ir para as ruas”, ressaltou Bruna.
MOBILIZAR A JUVENTUDE
Bruna avalia que a juventude é o segmento com maiores possibilidades de crescimento da mobilização contra o governo Bolsonaro. Ela lembra que os jovens constituem o público onde a rejeição de Bolsonaro é mais gritante: 73% dos brasileiros entre 16 e 24 anos desaprovam Bolsonaro, como mostrou a pesquisa do Instituto Atlas Político, divulgada no início de setembro.
“Nós temos um flanco de possibilidades dentro da juventude. A juventude que tem participado, em sua maioria, dos atos Fora Bolsonaro porque somos nós os que mais nos indignamos com os retrocessos desse governo. Quando a gente olha para o retrato dos atos bolsonaristas do 7 de setembro, sabemos as características de quem estava ali, sabemos qual o perfil do brasileiro que apoia Bolsonaro, na forma mais ideológica possível. Agora, se pegarmos o perfil dos atos Fora Bolsonaro, ele é constituído em boa parte de jovens e nós temos condições de ampliar”, avaliou.
DESEMPREGO
Lembrando do desemprego em massa e da evasão escolar, Bruna ressaltou ainda a importância das ações nos bairros das periferias onde muitos sequer possuem recursos para chegar aos atos, normalmente nas regiões centrais. “As agendas de mobilização nas ruas, esses diálogos que temos feito, são importantes também na luta pelo Fora Bolsonaro, além de fortalecer mesmo a mobilização do movimeneto. Isso vale para outros setores, como as mulheres, os trabalhadores e para muitos acabam ficando em casa por não terem condições de chegar ao ato”, explicou a presidenta da UNE.
“Precisamos pensar em mecanismos para dialogar com os jovens que não conseguem chegar ao ato, pois esse jovem está desempregado e não consegue pagar a condução, não consegue mais permanecer na universidade, pois sua família está passando por dificuldades e, portanto, ele não consegue nem mesmo pegar o metrô para distribuir o currículo, imagine para ir ao ato. A ampliação das mobilizações passa também por falar com o conjunto dessas pessoas”, continuou.
Para Bruna, a ampliação dessa frente não só possibilitará a derrota do governo Bolsonaro em seu anseio de implementar um golpe no país, mas também permitirá a construção de um projeto nacional de desenvolvimento que permita ao povo sair dessa crise que o país atravessa.
“Desde os Tsunamis da Educação, temos denunciado o governo Bolsonaro de forma contundente. Nós sempre denunciamos que o projeto de Bolsonaro seria ruim para o Brasil. Então o que nós queremos é construir uma frente de lutas para defender a democracia, derrotar todo e qualquer tipo de ameaça à Constituição, ao povo, e construir um caminho de discussão de projeto de país”, disse.
“Nós não aguentamos mais ficar na retranca, não aguentamos mais ficar tendo só que responder aos ataques de um governo irresponsável. O que queremos é discutir o que podemos fazer para que a universidade e a educação tenham na centralidade o projeto de um país que queira ser desenvolvido, que queira ser soberano e que precisa dar resposta aos problemas sociais de seu povo. Por isso chamamos todos os estudantes, todo povo brasileiro a ir às ruas no próximo dia 2 pelo Fora Bolsonaro”, conclamou Bruna Brelaz.
RODRIGO LUCAS PAULO