O governo Bolsonaro paralisou as obras de 99 escolas para começar a construir 52 novas no Piauí, mas sem mandar dinheiro suficiente para que sejam concluídas. As novas obras estão acontecendo nas cidades comandadas por prefeitos do PP, partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.
O esquema, que tem como objetivo impulsionar as candidaturas de prefeitos e deputados do PP, está acontecendo através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), cujo presidente é Marcelo Ponte, que foi chefe de gabinete de Ciro Nogueira.
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com um pedido de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU) por descumprimento das leis orçamentárias. O MP também pediu que o governo Bolsonaro “se abstenha de realizar novos empenhos para construção de novas escolas, devendo priorizar as obras já em andamento e inacabadas, diante dos indícios do esquema das ‘escolas fake’ noticiado no bojo dessa representação”.
Em todo o Brasil, são 3,5 mil construções de escolas, creches e quadras poliesportivas que estão paralisadas e que o governo Bolsonaro optou por ignorar. No lugar dessas obras já iniciadas, o governo deu prioridade a 2 mil novas.
A finalidade eleitoral desses “investimentos” fica evidente quando é observado o dinheiro que foi entregue para as novas obras.
Na cidade de Altos (PI) duas construções de escola estão inacabadas, com o “esqueleto” da obra a céu aberto.
O governo Bolsonaro, ao invés de concluir essas duas obras, enviou R$ 200 mil para construir uma nova creche. Porém, serão necessários R$ 3,1 milhões para que a obra seja efetivamente concluída.
A nova creche será, portanto, a terceira obra inacabada em Altos.
Em março, o prefeito Maxwell da Mariinha (MDB) publicou um vídeo ao lado da mãe de Ciro Nogueira, Eliane Nogueira (PP), afirmando que se reuniu com ela para discutir investimentos para Altos.
Outra “escola fake” vai ser construída em São Pedro do Piauí, cidade comandada por Junior Bill (PP). Bill afirmou em suas redes sociais que pediu dinheiro para Ciro Nogueira e conseguiu “R$ 8 milhões pelo FNDE. Muito obrigado, Ciro Nogueira!”.
Porém, ao invés de R$ 8 milhões, só foram reservados para a construção em São Pedro do Piauí R$ 200 mil, que equivale a 2,5% do necessário para concluir a obra.
Os investimentos em “escolas fake” estão sendo usados politicamente pela ex-esposa de Ciro Nogueira, Iracema Portella (PP-PI), que é ex-deputada federal.
O prefeito de Arraial, Aldemes Barroso (PP) disse que conseguiu, através de Iracema, o dinheiro para construir uma creche na cidade. Dos R$ 2 milhões necessários para a obra, o FNDE só reservou R$ 200 mil, que representa 10% do total.
O presidente do FNDE, Marcelo Ponte, indicou para os aliados de Ciro Nogueira que enviaria R$ 172,5 milhões para a construção de 52 escolas no Piauí. O valor, além de insuficiente, parece ser mentiroso. Só foram empenhados, de fato, R$ 15,6 milhões, o que representa 9,09%.
Enquanto isso, são 99 obras paradas no Piauí. Dessas, 51 ainda não receberam nenhum dinheiro do FNDE e deveriam, pela lei, ser prioridade. As outras 48 tiveram seus contratos encerrados sem que as obras fossem concluídas.
