Rússia condena ataques de Kiev às usinas nucleares em Kursk e Zaporizhia: “Atos de terrorismo nuclear”
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, após inspecionar a central nuclear de Kursk, na cidade de Kurchatov, na Rússia, na terça-feira (27), descreveu a situação como “séria” e considerou como “inaceitáveis ataques contra qualquer usina nuclear”.
“Repito que a segurança e a confiabilidade das instalações nucleares não devem ser comprometidas em nenhuma circunstância”, enfatizou Grossi.
“Agora existe o risco de um incidente nuclear aqui. Fui informado hoje sobre vários casos de ataques de drones no local, nas instalações da usina. Eu mesmo vi vestígios desses ataques. Em geral, o fato de as hostilidades estarem ocorrendo a apenas alguns quilômetros da usina nuclear provoca grandes temores e preocupações sobre o sistema de segurança,” disse Grossi em uma coletiva de imprensa transmitida pelo canal de televisão Rossiya 24, em que pediu que se previna um incidente nuclear.
Sua presença em Kurchatov, acrescentou, se fez necessária para que ele tenha uma ideia da situação no terreno e discuta possíveis medidas adicionais para proteger a central nuclear de Kursk.
Em 22 de agosto, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que a Ucrânia tentou realizar ataques contra a usina nuclear de Kursk e que a AIEA foi informada. Desde 6 de agosto, o exército ucraniano vem fazendo uma incursão militar na província russa fronteiriça, onde fica a central nuclear.
Anteriormente, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, classificara a tentativa de Kiev de atacar a usina nuclear de Kursk usando um drone kamikaze de “ato de terrorismo nuclear”, que exige reação imediata da AIEA.
Ainda segundo Zakharova, o objetivo da visita do diretor-geral da AIEA é garantir a segurança e evitar um cenário de desastre, “que é para onde o regime de Kiev está pressionando a todos”.
A situação nas centrais nucleares de Kursk e de Zaporozhye será debatida no dia 9 de setembro pelo conselho de governadores da AIEA, disse o representante russo junto à organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov.
“É muito cedo para discutir as consequências para o lado ucraniano sobre esses ataques. Os países ocidentais fecham os olhos para qualquer ataque ucraniano a instalações nucleares e tentam evitar lidar com essa questão”, acrescentou o diplomata russo.
A ação militar que ocorre nas proximidades da usina nuclear russa de Kursk representa um risco de um “incidente nuclear”, disse Grossi a jornalistas.
Segundo denúncia das autoridades russas, um dos drones ucranianos teria caído próximo ao armazenamento de combustível irradiado da usina na semana passada.
Grossi lembrou que a usina nuclear de Kursk tem um projeto mais antigo que não inclui algumas das proteções que uma instalação nuclear mais moderna teria. Por exemplo, não tem cúpulas, o que protegeria seus quatro reatores em caso de um grande incidente, como um avião colidindo com ele, disse ele.
Ele sublinhou que a responsabilidade da AIEA é “garantir que nenhum acidente nuclear ocorra”, acrescentando que sua mensagem seria a mesma em todos os lugares. Ele irá a Kiev na próxima semana.
A presença de Grossi na Rússia foi vista positivamente pelo representante russo em Viena, Ulyanov. “Na conferência de imprensa durante sua visita à usina nuclear de Kursk, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que não se deve atacar usinas nucleares. É um sinal claro, destinado, em primeiro lugar, à Ucrânia”, disse o embaixador em sua página X.