O apátrida mostrou seu desprezo pelo Brasil e o seu povo ao dizer que a “parte sadia do povo brasileiro” é a que foi morar nos EUA
Que Bolsonaro é um bajulador dos setores mais retrógrados da sociedade americana é um fato bastante conhecido. Sua fixação na bandeira e símbolos imperialistas, a tietagem dele – e dos filhos – a Trump, à CIA e outras arapucas mostram bem que tipo de capacho eles são.
Isto já tinha ficado claro logo no início de seu governo, quando ele se reuniu com os setores mais reacionários dos EUA, em Washington, assim que tomou posse. Na ocasião ele disse a eles que sua missão não era construir nada. “Nós vamos desfazer tudo o que foi feito até agora no Brasil”, prometeu.
E ele vem cumprindo à risca a sua promessa. Acaba de vender a Eletrobrás, maior empresa de energia elétrica da América Latina, a preços de fim de feira. Está fatiando e destruindo a Petrobrás, a maior e mais emblemática empresa brasileira. Ofereceu, esta semana, os campos do Pré-sal, uma das maiores províncias petrolíferas do mundo, para as multinacionais e, recentemente, deu de bandeja a Amazônia para que o bilionário e aventureiro americano Elon Musk “cuidasse” dela.
Joe Biden, que não é bobo nem nada, só podia, é claro, agradecer tamanho empenho entreguista do atual inquilino do Planalto. “Vocês estão fazendo um excelente trabalho na Amazônia”, disse ele, em Los Angeles, durante a Cúpula das Américas.
Mas, o que mais chamou a atenção mesmo dos brasileiros nesta viagem, e revelou o tamanho do desprezo e do ódio que Bolsonaro tem pelo Brasil e por seu povo, foi a frase dita por ele no sábado (11) em Orlando, na Flórida, onde participou de uma motociata com supremacistas brancos.
Dirigindo-se aos brasileiros que residem na cidade americana ele disse: “vocês são a parte sadia do povo brasileiro“. Ou seja, para ele, quem ama o Brasil e mora no país é a “parte doente do povo brasileiro”. É esta a visão dele sobre o Brasil e o povo brasileiro. Disse com todas as letras que quem trabalha dia e noite pelo engrandecimento da pátria, quem não desiste de buscar uma vida digna para si e para sua família dentro do Brasil, em suma, quem é brasileiro de coração, é a parte “doente” da sociedade”.
Ele literalmente afirmou que 212 milhões de brasileiros são doentes por não estarem morando nos EUA. Este episódio expõe com nitidez a essência antinacional e servil de Bolsonaro e torna evidente, na verdade, quem é o doente e quem é o sadio nessa história toda. Doente, e muito, é quem, como ele, diz que deixar o Brasil e morar nos EUA é a glória máxima a ser alcançada.
Um dos fatos que revelava bem o tamanho de “vira-latatismo” do “mito” e de sua família era a forma como Eduardo Bolsonaro, o “zero três”, batia no peito para dizer: “eu fritei hambúrguer nos EUA”. Dizia isso como se ele fosse o rei da cocada preta. O feito deslumbrava tanto o imbecil e o seu pai que os dois concluíram que fritar hambúrgueres no Colorado o credenciava para ser embaixador do Brasil naquele país.
Mas, é bom frisar que Bolsonaro bajula os EUA, mas ele não se identifica com qualquer um lá dentro do país do norte. Ele é fixado apenas no lado mais podre e fascista da sociedade americana. Aquela que enforca negros em árvores, incendeia suas casas, invade o Capitólio e fuzila crianças e adolescentes nas escolas. Sua obstinação é que o Brasil faça o mesmo por aqui. Que seja um espelho dessa parte podre dos EUA.
No mesmo dia em que 50 mil pessoas protestavam nas ruas em Washington contra a liberação indiscriminada de armas e os morticínios dela decorrente, Bolsonaro dizia aos brasileiros que residem lá que as “pessoas normais” são aquelas que defendem a disseminação das armas. O “normal”, para o fascista, é a violência, o ódio e a morte.
Na verdade, o “normal” mesmo para um presidente da República, seria ele governar efetivamente o país. Seria enfrentar os problemas vividos pela população, apresentar soluções para seus problemas, fazer o país crescer, se desenvolver. Mas, não é isso o que Bolsonaro faz. Ele simplesmente não governa. Vive o tempo todo disseminando o ódio, a violência, montando milícias, provocando e conspirando diuturnamente contra a democracia.
Mas, o fato é que ele pode falar muito, criar muita confusão, mas não consegue mais esconder da opiniao pública todo o desastre que já provocou ao Brasil e, principalmente, ao seu povo. Enquanto Bolsonaro segue em sua pregação fascista, a crise não para de se agravar. Enquanto ele defende armas e chacinas e torra as riquezas do Brasil, enquanto ele vive passeando, os preços dos alimentos e da gasolina não param de subir, o desemprego segue nas alturas e a fome já bate à porta de mais de 33 milhões de brasileiros.
E o mais cínico de tudo é que, enquanto ele fazia a demagogia barata sobre a dedicação de seu governo em “proteger” a Amazônia, durante a 9ª Cúpula das Américas, o Brasil batia mais um recorde de desmatamento. Na sexta (8), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que a Amazônia sofreu devastação em 2.867 km2 em seu território, o maior nível já registrado para o período desde o início da série histórica, em 2016.
Além disso, ao ser questionado sobre o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira, que desapareceram na Amazônia há uma semana por denunciar a política irresponsável de seu governo para a região, ele simplesmente jogou a culpa nos dois. “Se meteram numa aventura”, apontou, gerando profunda indignação na irmã do jornalista desaparecido.
Enfim, é por essas e por outras que a ampla maioria da população brasileira, os “doentes”, segundo o psicopata, tem demonstrado nas pesquisas que não pretende permitir a permanência desse sujeito no poder a partir de outubro.
SÉRGIO CRUZ