Dono de uma mansão avaliada em R$ 6 milhões e acusado de tomar ilegalmente parte do salário dos assessores, o senador Flávio Bolsonaro falou que R$ 400, valor referente ao Auxílio Brasil, são suficientes para as famílias não passarem fome.
O número de brasileiros que passam fome subiu de 10,3 milhões, em 2018, para 33 milhões, em 2022, aponta pesquisa feita pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
Ainda assim, segundo Flávio Bolsonaro, seu pai, Jair Bolsonaro, está fazendo o que “está ao alcance dele” e só está passando fome quem não conseguiu “ter acesso a um programa social do governo”.
“Quem recebe 400 reais por mês de Auxílio Brasil pode ter dificuldade, mas fome não passa”, falou o senador milionário.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) demonstrou que o preço médio da cesta básica subiu em todas as 17 capitais analisadas no último ano.
Em Recife, onde houve o maior aumento em 12 meses, o preço subiu 23,94%. Em São Paulo, a cesta básica chegou a R$ 803,99, na média, o que significa mais do que o dobro do que é pago no Auxílio Brasil.
125 milhões de brasileiros, ou 58,7% da população, estão vivendo com algum grau de insegurança alimentar. Destes, 33 milhões estão passando fome.
Segundo Flávio Bolsonaro, o governo Bolsonaro está fazendo “uma conta de quanto o Estado aguenta” pagar para as famílias e não eleva o valor do auxílio porque pode “desestimular a pessoa a buscar emprego formal”.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda dos brasileiros caiu 7,9% em um ano, enquanto a inflação no mesmo período foi de 11,73%.
O desemprego atinge 11,3 milhões de pessoas e 38,7 milhões estão com empregos precários. Foi nesse cenário que o governo Bolsonaro escolheu não dar aumento real para o salário mínimo.
MP-RJ QUER RETOMAR INVESTIGAÇÃO POR “RACHADINHA”
Para retomar investigação contra Flávio Bolsonaro pelo esquema criminoso de “rachadinha” que mantinha em seu gabinete, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) entrou com um recurso para que a decisão que rejeitou a denúncia, em maio, seja esclarecida.
A intenção é deixar o terreno limpo para que a investigação seja reiniciada. A denúncia contra Flávio foi arquivada depois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerar ilegais grande parte das provas que foram colhidas e apresentadas.
No recurso, o órgão afirmou que “havia requerido a extinção do processo, mas o tribunal optou por rejeitar a denúncia, o que pode gerar questionamentos”.
Flávio Bolsonaro e outras 16 pessoas tinham sido denunciados por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita.
O MP-RJ também está tentando reverter uma decisão que negou a quebra de sigilo dos investigados. Em recurso, os procuradores apontaram a “necessidade da quebra dos sigilos bancário e fiscal, diante dos fortes indícios da prática de atos ímprobos e relevante interesse público”.
“Não há outro meio menos invasivo a ser adotado, pois o que se busca provar é justamente a transferência de dinheiro entre contas de diferentes pessoas e se haveria outras fontes de renda a justificar o enriquecimento dos envolvidos”, continuaram.
Flávio Bolsonaro indicou para cargos de assessoria familiares e amigos que depois devolviam parte do salário, o que configura um esquema de “rachadinha” e crime de peculato. O esquema era centralizado e operado pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, que tinha uma movimentação milionária em sua conta.
A “rachadinha” também foi montada no gabinete de Jair Bolsonaro, conforme contam testemunhas em gravações, quando era deputado federal.
Lamentavelmente essa mansão do 01 está muito subavaliada… 2mil metros quadrados em Brasília não custam só 6 milhões de reias!