O governador de São Paulo, João Doria, anunciou na quinta-feira (26/08) que a Secretaria de Segurança Pública desaconselhou a realização de dois atos, no Sete de Setembro, um em defesa da democracia e outro a favor de Bolsonaro.
As duas manifestações foram marcadas, a princípio, para a Avenida Paulista, mas com a designação desta via para os seguidores de Bolsonaro, a manifestação pela democracia foi transferida para o Vale do Anhangabaú, ambas no dia Sete de Setembro.
“A Secretaria de Segurança Pública tomou a decisão, no Conselho de Segurança Pública, de administrar as duas manifestações, respeitando ambas”, afirmou Doria. “Só não há conveniência de que grupos antagonistas se manifestem no mesmo dia, ainda que em locais diferentes. Isso põe em risco a segurança dos manifestantes, e obviamente divide o esforço de segurança pública do Estado de São Paulo”.
“Portanto, houve a negativa à solicitação da utilização do Vale do Anhangabaú ou do Largo da Batata ou de qualquer outra área não só na capital, mas no Estado de São Paulo, para manifestações desta ordem no dia 7 de setembro”.
Doria apontou o risco que duas manifestações simultâneas e antagônicas politicamente, seriam para os manifestantes. Tal acontecimento, disse ele, “põe em risco a segurança dos manifestantes” e “divide o esforço de segurança pública”.
Nos últimos dias, Doria advertiu especificamente para o risco das manifestações golpistas – inclusive, com participantes armados – promovidas por Bolsonaro e seu círculo fascistoide.
“O que nós desejamos é que as manifestações sejam em ordem, sejam pacíficas, sem nenhum tipo de violência, de nenhuma ordem. Nem entre as pessoas e muito menos sem agressão a patrimônio público ou privado”, disse o governador paulista.
FORA BOLSONARO
Em entrevista coletiva na tarde de quinta-feira, a coordenação da Campanha Nacional Fora Bolsonaro e do Grito dos Excluídos anunciou que pretende manter a manifestação do Sete de Setembro no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Segundo os representantes que falaram na entrevista, a realização do ato no Anhangabaú é decisão dos organizadores, de acordo com a legislação, e não encontrou da Prefeitura de S. Paulo nenhuma objeção.
As entidades populares que organizam a manifestação em defesa da democracia haviam entrado com representação junto ao Ministério Público, mostrando que a decisão do comando do 11º Batalhão da Polícia Militar, de conceder a Avenida Paulista aos sequazes de Bolsonaro, era baseada em uma fraude (v. HP 22/08/2021, No Sete de Setembro, a Paulista é do povo).
Em seguida, quando o governo do Estado aceitou a decisão da PM, elas solicitaram que o governador garantisse a Avenida Paulista para que o povo se manifestasse a favor da democracia (v. HP 23/08/2021, Movimento em defesa da democracia pede a Doria que garanta direito do povo à Avenida Paulista).
Respondendo à representação das entidades populares, o Ministério Público considerou que não bastava a comunicação à PM e ao governo do Estado. Era necessário, também, que a Prefeitura da cidade de S. Paulo fosse comunicada da manifestação. E pediu que o juiz da 14ª Vara da Fazenda Pública, onde corre a ação das entidades populares, convocasse a Prefeitura (v. HP 24/08/2021, Para MP-SP, prefeito decide se democratas ou golpistas ocupam Paulista no 7 de Setembro).
Na quarta-feira à noite (25/08), as entidades populares resolveram transferir a manifestação em defesa da democracia, no Sete de Setembro, para o Anhangabaú.
Na entrevista coletiva de quinta à tarde, os coordenadores da manifestação revelaram que a Prefeitura já fora comunicada, mas não a Secretaria de Segurança, nem o governo do Estado, nem o batalhão da PM da área do Anhangabaú – que não é o mesmo da área da Avenida Paulista.
Diante da posição do governador e dos manifestantes – e da existência de uma Ação Civil Pública na 14ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo – o mais provável é que a última palavra sobre a realização das manifestações seja da Justiça.
C.L.
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