“Se cuidem, fiquem em casa, não é uma gripezinha. É real e está perto de todos”, publicou em suas redes sociais Diogo Azeredo Polo Boz, de 27 anos, que faleceu na semana passada vítima do coronavírus.
Diogo não tinha nenhuma doença crônica.
Diogo procurou unidades de saúde quatro vezes. Nas três primeiras, tendo apenas tosse e febre, foi medicado e liberado para voltar para casa. Na quarta, teve que ser internado.
Em sua última publicação nas redes sociais, relatou o mal-estar causado pela Covid-19. “É horrível, uma tosse que não para. Te impossibilita de respirar e te faz ter dores que você não imaginaria. Não aguento mais essas dores, ficar em uma sala de isolamento para poder melhorar e nada mudar. Qualquer coisa que você faça, já fica cansado, sem ar”.
Sua mãe, Eromar Azeredo Polo Boz, de 55 anos, disse que estava mais preocupada com a avó de Diogo, que tem 75 anos, e não esperava que a doença fosse atingir seu filho de forma tão intensa. “Antes dele ficar doente, minha preocupação era com a minha mãe, porque ela tem 75 anos e é do grupo de risco. Nunca imaginei que perderia meu filho de 27 anos para essa doença.
“Vou ao supermercado e vejo gente falando que quer trabalhar, que a economia não pode parar. Eu preferia ficar na miséria do que ter perdido meu filho. Dinheiro, coisas materiais, a gente conquista. Meu filho não volta mais”, disse Eromar.
Diogo trabalhava em um call center em Alphaville, e não tinha sido liberado para trabalhar de casa. “Ele tinha me contado que já tinha três casos suspeitos de coronavírus entre os funcionários e a empresa não tinha colocado ninguém para trabalhar de casa”, continuou Eromar.
“O local [de trabalho] era fechado, sem ventilação. O refeitório ficava cheio e não era arejado. Eu falava para ele tomar cuidado, mas não ia deixar de trabalhar presencialmente sem autorização da empresa”.
Somente no dia 2 de abril, quando tossia e tinha febre, foi liberado para ficar em casa de quarentena.
“Por isso, quero agora alertar as pessoas: morto não trabalha, morto não paga conta. Levem a sério essa doença e se isolem. A empresa vai continuar lá, mas eu nunca mais vou poder ter o abraço dele. A pessoa só vai enxergar a gravidade dessa epidemia quando perder alguém que ama”.
KAMILLY RIBEIRO
Em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a jovem de 17 anos Kamilly Ribeiro também faleceu, na quarta-feira (15), depois de 20 dias internada por conta do coronavírus. Kamilly também não tinha nenhuma doença crônica.
Sua mãe, que também chegou a ser internada, mas recuperou-se da doença.
O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira (16) que subiu para 1.924 o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil, 188 mortes nas últimas 24 horas. Até ontem, eram 1.736 mortes no total. No total, são 30.425 casos confirmados, um aumento de 2.105 diagnósticos da quarta-feira para a quinta-feira.