O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a declaração de Jair Bolsonaro contra as vacinas e defendendo imunização a partir da contaminação, como prega a tese da “imunização de rebanho” é “reiteração do crime”.
“Não dá mais para continuarmos a ver o chefe de governo escarnecer de vidas quando perdemos 500 mil brasileiros. Muitas perdas causadas por sua pulsão de morte”, disse Renan Calheiros.
Renan Calheiros disse que Bolsonaro “voltou a falar que se contaminar pelo vírus é mais eficaz que a vacina, não é a primeira vez. O senhor presidente da República tem o direito de falar a besteira que quiser, só não tem o direito de produzir o aumento desses números [de mortes] aqui”.
O senador disse que a declaração de Bolsonaro foi “a continuidade criminosa da defesa da imunização de rebanho, do desdém com a eficácia da vacina e o exemplo do próprio presidente de que ele era a imunização natural, porque havia contraído o vírus. Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime”.
Em transmissão ao vivo feita na quinta-feira (17), Bolsonaro disse que a infecção pelo coronavírus protege as pessoas mais do que a vacinação. “Todos que já contraíram o vírus estão vacinados. Até de forma mais eficaz que a própria vacina, porque você pegou o vírus para valer. Então, quem pegou o vírus, não se discute, está imunizado”, declarou Bolsonaro.
A declaração corrobora com o que a CPI da Pandemia tem investigado: o plano de Bolsonaro é deixar as pessoas se contaminarem em massa, e morra quem tiver que morrer.
Para isso, Bolsonaro boicotou as medidas de distanciamento social, criticou o uso de máscara e ignorou dezenas de ofertas de vacina da Pfizer e do Instituto Butantan. As vacinas poderiam estar sendo aplicadas desde dezembro e em ritmo muito mais acelerado.
“Por muito menos, o Twitter e o Facebook baniram o senhor Donald Trump. Não se trata de censura, só não pode comprometer a vida dos brasileiros”, continuou Renan.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu para que as pessoas “não ouçam o que diz” Bolsonaro. “Ele não tem direito de fazer declarações contra a ciência e atentar contra a vida dos brasileiros”.
Na live, feita através do Facebook, Bolsonaro disse que vai ser o último brasileiro a se vacinar porque já está “imunizado” por conta da contaminação.
“Eu estou vacinado, entre aspas. A questão da vacina, né… Eu estou dando exemplo. Depois que a última pessoa se vacinar, eu me vacino, tá? Enquanto isso, eu continuo tranquilo na minha”.
Bolsonaro voltou a pressionar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que tire a obrigatoriedade do uso de máscaras. À princípio, Bolsonaro tinha falado que os vacinados ou já infectados parassem de usar a proteção. Agora, defendeu o fim irrestrito do uso da máscara.
Ele disse que vai lutar “para que o cidadão de bem (…) seja desobrigado a usar máscara”.