Uma operação da Polícia Rodoviária Federal no Complexo do Chapadão, na zona norte do Rio de Janeiro, realizada na madrugada desta sexta-feira (28), deixou um adolescente morto, após ser atingido na cabeça, por uma bala perdida. Lorenzo Dias Palinhas tinha 14 anos.
Desde a noite desta quinta-feira (27), homens da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em parceria com a Polícia Militar, fazem buscas por assassinos do agente da PRF Bruno Vanzan Nunes, morto em uma tentativa de assalto.
Segundo moradores, Lorenzo seria entregador de lanche e não estava envolvido no confronto. Ele trabalhava para ajudar a mãe com as contas de casa.
Ele foi atingido enquanto realizava uma entrega e, segundo relatos, estava com R$ 10 na mão, valor da taxa que ele teria recebido.
“Já mataram uma criança de 12 anos que entregava hambúrguer. Muito triste essa situação, parece que estão com sede de morte, vai deixar corpos aqui como se não fosse nada”, afirma uma moradora.
Após o crime, um vídeo mostra o momento em que moradores protestam e impedem que o corpo seja retirado durante a operação.
“Não é bicho, é uma criança […] tem sonho, toda criança da favela tem sonho”, protesta a população.
“A gente é ser humano. O que a gente quer é tratamento igual. Aqui ninguém jogou granada em policial, ninguém deu tiro de fuzil em policial”, disse um morador revoltado durante o protesto.
O corpo foi retirado por volta das 7h, após comparecimento da perícia, para ser levado para o IML. A corporação informou que está finalizando a operação junto com a perícia. A Delegacia de Homicídios da Capital abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte.
Já a PRF justifica a sentença de morte aplicada pelos agentes afirmando que o garoto de 14 anos era um traficante. Segundo o chefe de comunicação da PRF, o menino morreu após atirar contra os policiais, o que gerou um confronto.
“O Lorenzo revidou a ação policial, o que obrigou a repelir essa injusta agressão. Até então, isso está sendo levantado pela perícia. Nas redes sociais dele, ele tem um envolvimento com o tráfico do Complexo do Chapadão. É o que foi levantado. A única alternativa por parte dos policiais foi reprimir essa injusta agressão. O local é extremamente conflagrado e de difícil acesso e obrigou os policiais a fazerem a volta em todo o Complexo para prestar socorro a essa vítima. Quando chegaram, já estava sem vida”, explicou.
A invasão da PRF ao Complexo do Chapadão foi realizada após a morte do agente federal Bruno Vanzan Nunes, de 41 anos, ocorrida depois de uma tentativa de assalto, também na quinta-feira (27), em Magalhães Bastos, na Zona Oeste do Rio.
Ele sofreu uma tentativa de assalto na via Transolímpica, na altura da Vila Militar, na zona oeste do Rio. Os policiais rodoviários federais resolveram então invadir as comunidades para encontrar os suspeitos do crime, começando pela Vila Kennedy, partindo em seguida para o Complexo do Chapadão.
Bruno estava na corporação desde 2004 e deixa a esposa e dois filhos. O agente era da 7º Delegacia, em Resende, no Sul Fluminense. Os investigadores suspeitam que criminosos tentaram roubar o carro de Bruno em movimento. O veículo dele ficou na via e várias marcas de tiro e cápsulas de balas foram encontradas.