Ministros do governo Bolsonaro e empresários do agronegócio pressionaram a XP Investimentos, que contrata a Ipespe para pesquisas eleitorais, por conta de resultado favorável a Lula e a corretora cancelou um levantamento que seria divulgado na sexta-feira (20).
A última pesquisa mostrava Lula com 45% das intenções de voto e Jair Bolsonaro com 34%.
O que irritou ainda mais os bolsonaristas foi que 35% dos entrevistados caracterizaram Lula como “confiável”, enquanto apenas 30% falaram isso de Bolsonaro.
A XP Investimentos estava divulgando semanalmente as pesquisas eleitorais, mas retirou o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da que seria publicada na sexta-feira (10).
Em nota, a XP disse que o número de entrevistados para as próximas entrevistas subirá de mil para dois mil, reduzindo a margem de erro de 3,2 pontos para 2,1, e a periodicidade passará para mensal.
“A realização das pesquisas terá periodicidade mensal, com número de entrevistas ampliado em relação às realizadas nos levantamentos anteriores, oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado. As próximas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral já estarão adequadas ao novo formato”, disse a empresa.
Segundo Mônica Bergamo, em coluna na Folha de S.Paulo, “a pressão sobre a XP já vinha crescendo paulatinamente e explodiu na semana passada”, depois da divulgação da última pesquisa.
O resultado foi ironizado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro, e pelo deputado federal Bibo Nunes (PL-RS), que comparou Bolsonaro a Jesus e Lula ao Diabo.
A jornalista ainda disse que “ministros do governo Bolsonaro ligaram para a XP Investimentos para reclamar do resultado da pesquisa” e “clientes, em especial os ligados ao agronegócio, passaram a fechar contas e a retirar investimentos da corretora”.