Milhares de trabalhadores vindos de diversas cidades e estados ocuparam a Praça da Sé, no Centro de São Paulo, na manhã desta quarta-feira (20), na Assembléia Nacional da Classe Trabalhadora em defesa da Previdência pública e contra a proposta de reforma, que foi entregue pelo presidente Bolsonaro na Câmara dos Deputados na manhã de hoje.
O ato organizado pelas Centrais Sindicais e entidades populares marcou o início da mobilização dos trabalhadores e aposentados contra a reforma que, na prática, retarda a aposentadoria, corta benefícios e privatiza a Seguridade.
Estiveram presentes no ato, entre outras entidades, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Confederação das Mulheres do Brasil (CMB). Manifestações em defesa da aposentadoria também aconteceram em várias partes do país.
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, “a reforma da Previdência vai agravar ainda mais o quadro de ataques que os trabalhadores já sofreram recentemente, estipulando o mínimo de 40 anos de contribuição e a idade mínima de 65 anos, penalizando, sobretudo, aqueles que mais necessitam dos benefícios previdenciários”.
“Já fomos atacados pela reforma trabalhista, pela terceirização generalizada e pela EC 95, que congelou os investimentos em educação. Essa proposta, se passar, será mais um abalo profundo na vida dos trabalhadores”, afirmou.
Segundo Araújo “temos mais de 5 mil municípios no país, 4 mil desses recebem mais das aposentadorias do que do Fundo de Participação dos Municípios. Essa assembleia é o início da mobilização para construir uma greve geral para derrubar essa reforma e os ataques à classe trabalhadora”, disse.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, afirmou que “essa reforma prejudicará todos os trabalhadores, principalmente os mais jovens”.
“Essa reforma não acabará com os privilégios e não é igualitária. Estão falando que com ela os benefícios serão desvinculados do salário mínimo, isso é um crime contra os trabalhadores. Essa proposta é só capitalização. Como ficará o resto do sistema?”, disse.
O presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), denunciou que “Bolsonaro repete a mesma conversa fiada de Temer em dizer que a Previdência Social é deficitária. Eles estão desviando o dinheiro da Previdência através do mecanismo de Desvinculação de Receitas da União (DRU), que é de R$113 bilhões. As isenções fiscais são mais R$141 bilhões, desconsideram as receitas da própria previdência no valor de R$ 46 bilhões”.
“A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência, no Senado, demonstrou que existe uma sonegação de R$ 450 bilhões. Eles querem retirar da carne do trabalhador, não estão satisfeitos com os cerca de 35 milhões de trabalhadores desempregados e em situação de subemprego no país”, completou Bira.
Vagner Freitas, presidente da CUT, disse que os sindicalistas vão “pressionar os parlamentares nos aeroportos, gabinetes, nas ruas e dizer que, assim como muitos deputados não voltaram nessa eleição, eles não voltarão ao Congresso se aprovarem o fim da aposentadoria do povo”.
Para o Índio, da Intersindical, nesse momento “temos que construir muitas mobilizações dialogando com o povo para desconstruir as mentiras que Bolsonaro e Cia estão espalhando. Porque está claro que o interesse deles é o de acabar com os direitos do povo, com a previdência pública e entregá-la para os bancos. O que já sabemos é que todos serão prejudicados, os trabalhadores da iniciativa privada, os servidores públicos, os trabalhadores que hoje nem conseguem emprego com carteira assinada”, disse
Segundo ele, “também perdem os municípios e a economia sem os recursos da aposentadoria. Nós vamos barrar os cortes dos direitos do povo e a entrega da Previdência para os bancos”.
Dentre as deliberações da Assembléia estão a convocação de atos unitários em defesa da Previdência nos dias 8 de março (Dia Internacional da Mulher) e no dia 1º de Maio (Dia dos Trabalhadores). As centrais realizarão nova reunião para decidir os próximos passos do movimento na próxima terça feira (26).