“Hoje, como fez para vencer o nazismo, a Humanidade precisa se unir”
“Há 75 anos, em 8 de maio de 1945, foi assinado o ato da rendição da Alemanha nazista, um documento que pôs fim ao período principal da devastadora Segunda Guerra Mundial. Hoje, enquanto o mundo volta a enfrentar um inimigo tão forte que consegue até ameaçar a vida e a saúde de milhões de pessoas, bem como a estabilidade econômica e política dos maiores países, vale a pena lembrar as lições da história. E, antes de mais nada, as lições da Segunda Guerra Mundial”, assinalou Sergei Akopov, embaixador da Rússia no Brasil que, no artigo História da Segunda Guerra, publicado no jornal Folha de São Paulo, nos ensina que solidariedade é o melhor remédio.
O embaixador ponderou que para entender o significado da vitória de 1945, “é necessário avaliar os objetivos dos principais instigadores do conflito. O maior deles, a Alemanha nazista, o Terceiro Reich, visava conquistar os demais países e liquidá-los, impondo seu domínio sobre todas as nações do mundo. Algumas delas foram ‘escolhidas’ por ideólogos nazistas para serem utilizadas como mão de obra escrava. Outras, em primeiro lugar os judeus, deviam ser completamente exterminadas”.
“Naquela altura, a ameaça e o inimigo comuns não deixaram outra opção ao mundo civilizado: para vencer, todos nós tivemos de nos unir. Sistemas políticos e econômicos absolutamente opostos e ideologias incompatíveis conseguiram formar uma aliança sólida para evitar a iminente catástrofe global”, afirmou Akopov.
Registrando que os aliados lutavam pela sua sobrevivência, liberdade e futuro, o diplomata constatou que “não seria um exagero dizer que a guerra, na sua essência, foi um combate das forças da vida contra as forças da morte. E a vida venceu”.
“É difícil achar um exemplo melhor da solidariedade global. Depois da vitória, já em 1945, foi em grande parte graças a este movimento unificador que se forjou uma nova ordem mundial, baseada no papel central da ONU na manutenção da estabilidade internacional”, disse, mostrando que apesar dos inevitáveis pormenores e defeitos desta ordem, “até hoje ela tem efetivamente prevenido qualquer outro conflito de grande escala, que obviamente seria a última guerra na história da humanidade”.
“Logo depois dela, iniciou-se o período de descolonização que mudou o rosto do planeta, trazendo ao palco internacional dezenas de novas nações independentes. Grandes avanços foram feitos no campo de direitos humanos. Tudo isso seria impossível se a guerra fosse perdida”, frisou, apontando que “é por essas razões que continuamos comemorando os eventos de 1945, mesmo que já tenham passado 75 anos”.
“Durante o maior desafio global do século 20, a humanidade fez uma escolha importante: optou por cooperação em vez da competição, por interesse comum em vez do particular e por desenvolvimento em vez da decadência”, sublinhou o embaixador Akopov, concluindo que “se quisermos superar os desafios de hoje, teremos de fazer esta escolha mais uma vez. Espero que as lições do passado nos ajudem nisso”.