Entidades da indústria e do comércio manifestaram duras críticas à manutenção da taxa Selic a 13,75%. “Não só inviabiliza os investimentos como encarece o custo da dívida. Além disso, vem se refletindo na desaceleração da atividade desde o último trimestre de 2022”, afirma José Velloso, presidente da Abimaq
Os empresários brasileiros de diversos setores da economia reagiram com críticas à decisão do Banco Central de manter, na quarta-feira (3), a taxa de juros da economia (Selic) em 13,75%.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, declarou que a taxa de juros “não só inviabiliza os investimentos como encarece o custo da dívida. Além disso, vem se refletindo na desaceleração da atividade desde o último trimestre de 2022. Neste primeiro trimestre, os investimentos em máquinas e equipamentos caíram 10%. Passou da hora de iniciar o ciclo de queda”.
ABRAINC: IMPOSSIBILIDADE DE CRESCER
Em nota, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) destaca que os juros altos são entraves à geração de empregos no Brasil. “A despesa com juros bancários compromete a saúde financeira das empresas, que ficam impossibilitadas de crescer e com dificuldades de arcarem com suas despesas obrigatórias”, declarou a entidade.
ABIPLAST: CONSEQUÊNCIAS TEMERÁRIAS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA
O presidente da indústria dos plásticos (Abiplast), José Ricardo Roriz, observou que o risco maior que deveria ser avaliado é a economia do país quebrar. “Mesmo com a possibilidade de que a inflação brasileira ainda não tenha apresentado tendência de refluir para a meta, o país tem disparadamente um dos maiores juros reais do mundo, e as consequências disto são temerárias para a economia brasileira”.
ELETROS: DESESTIMULA O CONSUMO
Já o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, afirmou que “taxas como as atuais desestimulam os consumidores que não conseguem incluir as parcelas de suas compras no orçamento familiar. Nosso setor vem aguardando há meses o início de uma política de redução pelo BC. A economia apresentaria resultados melhores”.
CNC: ALTA INADIMPLÊNCIA EM FUNÇÃO DOS JUROS ELEVADOS
Ao divulgar que 78,3% das famílias brasileiras estavam endividadas em abril, com crescimento em quase todas as faixas de renda, a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Izis Ferreira, apontou que “quem tem dívidas atrasadas há mais tempo segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência em função dos juros elevados, que pioram as despesas financeiras. A taxa de juros média em todas as operações de crédito com recursos livres às pessoas físicas chegou a 58,3% ao ano em março, 8,7 pontos maior do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com os dados do Banco Central”, destacou a economista.
Do total dos endividados, 17,3% consideram-se muito endividadas – “indicador que voltou a crescer após duas quedas, no contexto de juros elevados”, ressaltou também Izis Ferreira. A proporção de consumidores sem condições de pagar dívidas atrasadas de meses anteriores chegou a 11,6% do total em abril.
CBIC: IMPOSSÍVEL CRESCE COM UMA TAXA DESTE TAMANHO
Por sua vez, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC ), José Carlos Martins, afirmou que é necessário “resolver com urgência as incertezas que o cenário atual tem gerado, pois é impossível crescer com uma taxa básica deste tamanho”.
FIEMG: INIBE INVESTIMENTOS E COMPROMETE O PROGRESSO DO PAÍS
A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) também divulgou nota criticando a decisão do Banco Central. “As taxas de juros elevadas podem dificultar o acesso das empresas ao crédito e inibir investimentos, comprometendo o bem-estar da população e o progresso do país”, declarou a representante dos empresários da indústria mineira.
CDL: CRÉDITO MAIS CARO PARA AS FAMÍLIAS
No mesmo tom, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) disse que “ainda que a taxa esteja estabilizada desde agosto passado, ela está em seu nível mais alto desde 2017. Com isso, o crédito para os empresários está mais caro e eles têm mais dificuldade em investir em seus negócios, além de repassar esse valor para o preço final dos produtos. Por outro lado, as famílias têm dificuldade em cumprir seus compromissos financeiros e são afetadas pelo aumento do crédito rotativo do cartão, que é uma das principais formas de pagamento utilizada pelos consumidores”, observou o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
ACMiNAS: ECONOMIA ESTAGNADA, DESEMPREGO E BAIXO INVESTIMENTO
Já Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas) manifestou por meio de nota que “ainda que o controle inflacionário seja prioridade, a economia estagnada, com desemprego elevado e baixo nível de investimento, também deveria ser preocupante para o Copom, assim como o é para seus pares internacionais”.
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o Copom tomou uma decisão equivocada. “A Selic em 13,75% ao ano está em um nível que restringe excessivamente a atividade econômica”, afirma Andrade. “E, volto a dizer o que disse no Senado há poucos dias: as empresas estão tomando crédito a mais de 30% e o setor produtivo não aguenta pagar esse nível de juros”. “Neste momento, a manutenção da taxa de juros é desnecessária para combater a inflação e apenas impõe riscos adicionais para atividade econômica”, avaliou o presidente da CNI.
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