70% dos leitos de UTI da Rede Estadual do Rio já estão ocupados com pacientes com coronavírus. Em Manaus são 100%
O Brasil teve mais tempo que outros países para se preparar, mas o comportamento alucinado de Bolsonaro, negando a pandemia, brigando contra as medidas de proteção recomendadas pelo Ministério da Saúde e retardando a liberação de recursos para estados e municípios, impede que as decisões sejam tomadas na velocidade que deveriam.
O número de casos dispara e a criação de leitos não cresce no ritmo que é necessário. Estamos nos aproximando do colapso no sistema de saúde.
No Rio de Janeiro, onde foram confirmados 2,8 mil casos até domingo (12) e já morreram 170 pessoas, a rede estadual de saúde já está com 70% dos 2.499 leitos de UTI ocupados com pacientes com coronavírus. restam apenas 217 leitos livres.
Ao invés de se irmanar nos esforços para agilizar a montagem de leitos, apressar a preparação de pessoal, realizar exames em massa, o presidente da República cria problemas, chama a população a abandonar a quarentena e dificulta a liberação de verbas emergenciais. O projeto para aliviar estados e municípios está emperrado no Congresso por pressão de Guedes.
Em São Paulo, que está computando 588 mortes pela Covid-19 até domingo (12), as internações em UTI por causa do coronavírus crescem 2.260% desde 20 de março. Elas saltaram de 35 naquela data para mais de 836 na semana passada, segundo dados da Secretaria da Saúde. Autoridades alertam que, em uma semana, pode haver problemas com leitos de UTI em São Paulo.
Em Manaus, a estrutura do sistema de Saúde já chegou ao seu limite máximo. Não há mais leitos de UTI e respiradores para o atendimento dos casos graves. É uma tragédia anunciada. Não podemos perder um dia sequer na luta para equipar os sistema de saúde. Precisamos acelerar a realização de testes e nem pensar em relaxar a quarentena.
É como disse o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, em entrevista ao Fantástico deste domingo (12), os números ainda não refletem a realidade do problema.
“Primeiro, nós sabemos que esses números estão subestimados. Dentro do que a gente pensava lá no início, em fevereiro, fazendo simulações com outros países, fazendo adequações pro nosso clima, mais ou menos a gente sabia que chegaria na primeira quinzena de abril a aproximadamente com esses números. Sabemos também desde o início que fizemos a projeção que a segunda quinzena de abril seria a quinzena que aumentaríamos e que o mês de maio e junho seriam os meses de maior estresse pro nosso sistema de saúde”, afirmou Mandetta.
“A gente imagina que os meses de maio e junho serão os 60 dias mais duros para as cidades. A gente tem diferentes realidades. O Brasil, a gente não pode comparar com um país pequeno, como é a Espanha, como é a Itália, a Grécia, Macedônia e até a Inglaterra. Nós somos o próprio continente. Sabemos que serão dias duros. Seja conosco ou qualquer outra pessoa”, explicou o ministro.
“Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem uma oferta de 55.101 leitos de terapia intensiva, dos quais 27.445 são do SUS, mas 78% do total de leitos já estão ocupados. O Ministério quer otimizar a utilização das unidades ociosas e também pretende recorrer ao uso de leitos não ocupados da rede privada. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a existência de 1 a 3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes. Hoje, o Brasil tem 2,6 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, mas só metade disso pertence ao SUS.”