No Dia da Consciência Negra (20 de Novembro), entidades do movimento negro, centrais sindicais e movimentos sociais realizarão manifestações por todo o Brasil num movimento que pretende enfatizar a importância da luta antirracista, e em protesto contra o desemprego e a fome promovidos por Bolsonaro.
Em São Paulo, além da tradicional Marcha da Consciência Negra na Avenida Paulista, as entidades realizarão pela manhã lavagem da estátua de Zumbi, na Praça Antônio Prado, no Centro Histórico.
O movimento é organizado pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), em parceria com Conam, Facesp, UBM, CMB, Chocolatte da Vila Maria, Revista Raça, Unegro e CNAB. Segundo Adilson Araújo, presidente da CTB, a iniciativa é inspirada na experiência do movimento negro da Bahia iniciada em 2008. “Em Salvador, já faz 13 anos que lavamos a estátua de Zumbi no 20 de Novembro. É uma ação de resistência e luta”, explica Adilson, que já presidiu o Sindicato dos Bancários da Bahia.
Na data, que lembra o dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder da resistência contra a escravidão, o movimento negro enfatiza que a política econômica e social do governo tem condenado o povo à miséria, com impacto principalmente sobre a população negra, maioria do povo brasileiro (54,2%), de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD-Contínua).
Os organizadores do movimento afirmam que os atos são uma continuidade da série de atos contra Bolsonaro que vem sendo realizados desde maio de 2021 e encerrará o ciclo de protestos pelo impeachment do presidente neste ano.
Em nota conjunta, as centrais sindicais afirmam que “a classe trabalhadora brasileira é negra e, por isso, o movimento sindical irá às ruas em todo o Brasil junto com a população negra e com todas as pessoas comprometidas com a defesa da igualdade racial, da vida, da democracia, contra o desemprego, a carestia e a fome.”
A nota é assinada pelos presidentes da Força Sindical, CTB, CUT, CSB, UGT, NCST, CSP-Conlutas, Central da Classe Trabalhadora, Pública – Central do Servidor e Intersindical.
Uma pesquisa divulgada, nesta quinta-feira (18), pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) por conta do mês da consciência negra aponta que sete em cada 10 desempregados no Distrito Federal são negros. O levantamento também aponta que, em média, negros recebem salários 40% menores que brancos. Os dados são do primeiro semestre de 2021.
“A população negra é maioria entre os desempregados e também entre aqueles nos postos de trabalho mais precários e informais. A periferia dos grandes centros urbanos marcada pela moradia precária, pela ausência de infraestrutura social e pela carência de políticas públicas é majoritariamente negra”, afirma a nota das centrais.
De acordo com a PNAD- Contínua, no 2º trimestre de 2021 o contingente de pessoas desocupadas contava com 62,6% de negros (pardos 50,6% e pretos 11,6%), enquanto brancos eram 36,9% do grupo.
As centrais denunciam que esses são os resultados da política do governo Bolsonaro que condena a classe trabalhadora brasileira a sofrer com o desemprego, inflação, aumento da fome, além das milhares de vidas perdidas fruto da irresponsabilidade do governo frente à pandemia do coronavírus.
“Superar o racismo é uma exigência fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e justa. Garantir o direito ao trabalho decente e protegido para a população negra é um dos caminhos para reparação de uma história de exclusão e desigualdade e garantia de um futuro diferente”, afirmam as centrais.
“Dar fim ao governo criminoso e racista de Jair Bolsonaro é um requisito essencial para que o país possa reencontrar o rumo do desenvolvimento com igualdade e justiça social”, conclui a nota.