O epidemiologista-chefe do Centro para Controle e Prevenção de Doenças da China, Wu Zunyou, afirmou que a capital do país controlou o surto mais recente do coronavírus. “Pequim agiu rapidamente para minimizar o máximo possível”, assinalou na quinta-feira (18). No entanto, alertou que ainda podem aparecer novos casos esporádicos.
“Quando eu digo que está sob controle, isso não significa que o número de casos será zero amanhã ou no dia seguinte. A tendência persistirá por um período de tempo, mas o número de casos diminuirá, como a tendência que vimos [em Pequim] em janeiro e fevereiro”, alertou.
O especialista informou em coletiva de imprensa que “em 13 de junho o pico de transmissões foi atingido”. A cidade registrou 158 novas infecções desde que no dia 11 de junho iniciou seu pior surto desde o início de fevereiro, identificado no mercado atacadista de alimentos de Xinfadi, no sudoeste de Pequim. O bairro de Huaxiang, onde o mercado está localizado, é a única região atualmente em toda a China considerada de alto risco e outras 32 áreas de médio risco foram declaradas em toda a cidade.
Apesar de os casos serem poucos, as autoridades reagiram rapidamente para conter os riscos de contágio na capital, que tem se caracterizado por suas medidas rigorosas contra o coronavírus.
Depois da confirmação dos novos casos, a cidade regrediu para um alerta de nível dois, o segundo maior de um sistema de reação de emergência de quatro graus, estabelecendo novas restrições à circulação dos moradores, controle dos transportes e aglomerações. Milhares de pessoas foram examinadas em poucos dias, já que as autoridades estão intensificando os esforços para identificar os infectados pelos casos de Xinfadi ou que contraíram o vírus no local, priorizando funcionários de todos os restaurantes, universidades e mercados da cidade.
O reaparecimento do surto no imenso estabelecimento comercial – que ocupa uma área de 112 hectares, e tem mais de 4.000 feirantes e 1.500 trabalhadores – alertou o governo pela possibilidade de um contágio descontrolado.
O especialista observou que a origem desta reincidência está relacionada ao armazenamento de moluscos em locais de baixa temperatura e umidade, como tudo indica que aconteceu no mercado.
“Ainda são necessárias mais pesquisas, mas acho que essas condições fazem com que o vírus se esconda e sobreviva. Quando os casos começaram em Wuhan, especialistas suspeitavam que os animais selvagens fossem a causa. Esse novo surto em Pequim nos fez olhar para trás: oferece uma nova direção para resolver esse mistério”, afirmou Wu Zunyou.
As autoridades da capital colocaram à disposição da população 193 centros para testar todas as pessoas vinculadas ao mercado, trabalhadores ou visitantes.
O surto ocorreu uma semana depois que a capital chinesa reduziu seu nível de emergência sanitária em 6 de junho. As autoridades pediram para que os hospitais realizem testes de ácidos nucléicos e de anticorpos, tomografias computadorizadas e exames de sangue em todos os pacientes que cheguem com febre.