“Caminhoneiro não é bandido, não comete crime contra as instituições no Brasil”, afirmou o deputado Nereu Crispim (PSL-RS)
O deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar do Caminhoneiro, afirmou ao HP que os caminhoneiros não participaram da manifestação golpista de 7 de setembro e “não vão servir de bucha de canhão para projeto político de ninguém”.
“Não é caminhoneiro autônomo que está participando e protagonizando esses crimes contra o cidadão, contra a Constituição brasileira e contra o direito de ir e vir”, esclareceu o parlamentar.
“Existe um grupo que se diz bolsonarista que usou de violência, atacando com pedra e pau em alguns pontos, como em Santa Catarina, obrigando o caminhoneiro autônomo a parar”.
“A categoria não participou, não participa e não apoia esse movimento antidemocrático”, disse o deputado, em entrevista à Hora do Povo.
Antes mesmo dos atos, Crispim se manifestou junto com outras lideranças dos caminhoneiros dizendo que “não iríamos participar desse evento e que a pauta dos caminhoneiros é apartidária”.
“Caminhoneiro não é bandido, não comete crime contra as instituições no Brasil”.
Os atos “eram um evento político que estava atentando contra as instituições da República. No dia 7, nenhum caminhoneiro participou disso”.
Na quarta-feira (8), um grupo que dizia agir em nome dos caminhoneiros bloqueou estradas de diversos Estados para tentar pressionar por um golpe de estado.
Segundo Crispim, que participou da greve da categoria em 2018, os caminhoneiros autônomos também não participaram dessa movimentação, que pode ter sido financiada por empresários e pelo agronegócio.
“Aquela máxima deles [dos bolsonaristas] de que os eventos do 7 de setembro e posteriores a isso são patriotas, conservadores, educados e que não tem violência é uma mentira, uma falácia”, disse.
O deputado afirmou que esse grupo praticou crimes. “Foram, sim, praticados crimes. Inclusive contra o direito de ir e vir garantido na nossa Constituição”.
Por conta de agressões contra os que se recusam a participar do movimento golpista, “muitos estão em casa com medo de serem agredidos, terem o parabrisa quebrado, [terem] seus caminhões danificados”.
Um dos representantes desse grupo bolsonarista é Marcos Antônio Pereira, conhecido como “Zé Trovão”. O Supremo Tribunal Federal (STF) já determinou que Trovão fosse preso pelas ameaças contra ministros da Corte, mas ele fugiu para o México. Na quinta-feira (9), a Polícia Federal o encontrou e ele deverá ser preso.
Tem áudios que circulam nos grupos de Whatsapp de alguns motoristas dizendo que receberam dinheiro dos produtores de soja.
Nereu Crispim disse que “aquele Zé Trovão não representa a categoria. Ninguém conhecia ele, ele é um oportunista que estava pensando em eleição”.
As lideranças dos caminhoneiros autônomos estão querendo uma forma “democrática de resolver as coisas, e não pregando o ódio, a agressividade, com pedra e pau, com trator na beira de estrada. Isso aí não contribui em nada para a população mais carente”.
O deputado federal falou que a discussão deve parar de ser “com esse discurso de ódio diário, que não contribui em nada, só mancha a imagem do Brasil no exterior”.
Ele espera que Bolsonaro se concentre em “dar uma solução para o problema da fome, do gás de cozinha que está caro, da alta dos preços dos combustíveis e do alto índice de desemprego”.
Ainda na entrevista, Nereu Crispim ressaltou que foi eleito junto com Bolsonaro em 2018 e que “nas pautas de campanha eu voto todas com o presidente, só as pautas antidemocráticas que eu não sou a favor”.
PEDRO BIANCO