“Com a pandemia, o colapso, que já era grave, ele cuidou de piorar tudo”, destacou o ex-governador
O ex-governador Ciro Gomes (PDT) afirmou, na terça-feira (29), em entrevista ao Pânico, da Jovem Pan, que Bolsonaro é o grande responsável pelo desastre provocado pela pandemia do novo coronavírus, tanto na perda de vidas humanas quanto na devastação da economia do país. “Eu considero o Bolsonaro um boçal genocida”, avaliou.
“Se você tomar a América do Sul, menos o Brasil, eles têm 10 milhões de habitantes a mais do que nós, têm a mesma contradição de renda, se tem algo melhor é para o Brasil, que é o mais rico de todos, têm o mesmo clima e todos eles juntos têm a metade das mortes no Brasil. Qual a diferença? A diferença chama-se Jair Messias Bolsonaro”, afirmou Ciro, ao fazer uma avaliação do comportamento de Bolsonaro durante a pandemia no país.
Ele lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) não deu o direito a Bolsonaro de virar as costas para a população e não cumprir com suas obrigações constitucionais. Ciro fez questão de frisar isso porque Bolsonaro afirma que ficou proibido de agir na pandemia pela decisão do STF. A Corte decidiu que a pandemia deveria ser enfrentada pela ação conjunta de União, estados e municípios.
O que o Supremo fez foi impedir que Bolsonaro impusesse sua visão negacionista e irresponsável sobre estados e municípios. Ele era contra as medidas de proteção, era contra os uso de máscaras, dizia que a pandemia era uma gripezinha e que não havia problema nenhum em promover aglomerações. Tanto que promoveu várias. Contra toda a ciência, passou a receitar cloroquina e dizer que isolamento social era coisa de covardes.
“Com a pandemia, o colapso, que já era grave, ele cuidou de piorar tudo. A atitude anticientífica, prescrevendo remédio que ele não entende, escolhendo ministro paraquedista. Tudo isso está documentado. Em dezembro, (o auxílio) some, aí vamos ver essa popularidade”, disparou Ciro Gomes.
“O Congresso obrigou o governo a dar a ajuda emergencial de 600 reais, porque Bolsonaro só admitia 200 reais”, lembrou Ciro. Ele disse que é natural que a população ficasse agradecida, mas advertiu que isso é passageiro.
“Bolsonaro tem hoje a pior avaliação de governo de todos os governantes na mesma data”, afirmou o pedetista. “Essa história de que ele está popular, vocês estão navegando na maionese”, disse ele aos entrevistadores do Pânico. “Eu tenho pesquisas do Brasil inteiro, das grandes cidades, ele tá é ferrado. Em São Paulo, 49% é a rejeição na capital”, acrescentou Ciro.
O presidenciável do PDT deu como exemplo a China. “Lá tem 1 bilhão de habitantes, como fez isolamento e confinou, teve menos mortes que o Ceará. Quando a gente tem esses surtos, temos que nos guiar pela ciência, não pela superstição, ou palpiteiro”, destacou.
Perguntado se a China não devia ser cobrada pela disseminação da pandemia, Ciro lembrou que “o vírus da ‘Gripe Espanhola’, apesar do nome, surgiu nos EUA e, nem por isso, devemos cobrar dos americanos por isso”. “Nem o vírus da Aids, que também surgiu os EUA nos autoriza a punir o povo americano, que foi vítima, por isso”, ponderou.
Ciro disse que parte da esquerda, “que muitas vezes é confundida com o petismo, imaginou que era possível aplicar o neoliberalismo e melhorar o caminho e produziram isso aí. Na hora que o Bolsonaro passa a assinar o cheque do socorro, o petismo perde sua base social”.
Sobre as próximas eleições presidenciais, o político deu sua visão. “Eu acho que as eleições nos grandes centros urbanos agora terão indicativos para 2022. Acho que a população vai votar buscando um bom administrador, mas o segundo motivo do voto vai ser um banimento desses extremos que o lulapetismo e o bolsonarismo representa. Em 2022, acho que será mais um caminho à centro-esquerda”, disse.
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