“O governo brasileiro lamenta que, mais uma vez, o uso do veto tenha impedido o principal órgão para a manutenção da paz e da segurança internacional de agir diante da catastrófica crise humanitária provocada pela mais recente escalada de violência em Israel e em Gaza”
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) manifestou seu descontentamento nesta quarta-feira (18) com o veto do governo dos Estados Unidos (EUA) contra a resolução de paz negociada e aprovada pelo Brasil por doze votos a um no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Devido ao veto americano, a proposta de paz não foi aprovada.
“O governo brasileiro lamenta que, mais uma vez, o uso do veto tenha impedido o principal órgão para a manutenção da paz e da segurança internacional de agir diante da catastrófica crise humanitária provocada pela mais recente escalada de violência em Israel e em Gaza. O Brasil considera urgente que a comunidade internacional estabeleça um cessar-fogo e retome o processo de paz”, disse em nota o Itamaraty.
A resolução exigia “o fornecimento contínuo de bens essenciais para a população civil, como artigos médicos, água e alimentos; e pede a rescisão da ordem para que civis e funcionários das Nações Unidas evacuem toda a área em Gaza ao norte de Wadi Gaza”. A proposta condenava, ainda, os atos do Hamas contra Israel em 7 de outubro como sendo atos terroristas, apelava para libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis e pedia uma pausa no conflito para a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
A proposta do Brasil surpreendeu ao obter 12 dos 15 votos do Conselho de Segurança. Porém, como recebeu o veto dos Estados Unidos – membro permanente do Conselho – não pode ser aprovada.
O chanceler Mauro Vieira Vieira avaliou que a diplomacia brasileira fez “todo o esforço possível para que cessassem as hostilidades, que parassem os sacrifícios humanos e que pudéssemos dar algum tipo de assistência às populações locais e aos brasileiros. A nossa preocupação foi sempre humanitária neste momento. Enfim, cada país terá tido sua inspiração própria”.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, justificou o veto com o pretexto de que os Estados Unidos ficaram desapontados porque a resolução não menciona o direito de Israel de autodefesa. “Como qualquer outro país do mundo, Israel tem o direito de se autodefender”, disse a diplomata.
O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes, a China, França, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos. Fazem parte do conselho rotativo a Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes. Uma resolução para ser aprovada precisa do apoio de nove do total de 15 membros.