A atendente de uma pizzaria em um shopping do Distrito Federal procurou a delegacia, na última quarta-feira (11), para registrar uma queixa de injúria racial contra Frederick Wassef. Ele é ex-advogado da família do presidente Jair Bolsonaro.
A funcionária Danielle da Pizza Hut relatou à polícia que, ao ir embora, Wassef a encontrou no caixa e começou a reclamar. “Essa pizza não tá boa. Você comeu?”. Ela respondeu que não e ele retrucou dizendo, em voz alta: “Você é uma macaca! Você come o que te derem”.
O caso teria ocorrido no último domingo (8), no Setor de Clubes Sul, e foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul.
Danielle contou à polícia que Wassef “é cliente frequente do estabelecimento, porém é conhecido por se tratar de uma pessoa arrogante e que destrata e ofende os funcionários”. O comportamento naquele domingo à noite, ainda de acordo com Danielle, não teria sido novidade, tendo o advogado, inclusive, já segurado em seu braço e a puxado até o balcão.
Wassef também já jogou no chão as caixas usadas pela funcionária para explicar os tamanhos das pizzas. A vítima também disse que já foi “constrangida” e “muito humilhada” por ele em outras ocasiões.
O advogado já representou o presidente Bolsonaro e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Ele é o dono do imóvel em Atibaia (SP) onde estava o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, quando ele foi preso por participação em esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Por meio de nota, o advogado do grupo Pizza Hut, Bernardo Fenelon, informou que acompanhou a vítima no momento do registro da ocorrência policial. De acordo com ele, “os fatos são inaceitáveis” e a cliente “espera que a justiça seja feita”.
De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.
Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.
Por meio de nota, Wassef disse ser vítima de armação orquestrada para arrancar dele uma indenização. Ele negou ter chamado a atendente de macaca e disse que ela não é negra.