O ex-assessor de Milton Ribeiro, Luciano de Freitas Musse, também foi preso preventivamente pela Polícia Federal na investigação sobre os esquemas de corrupção criados pelo governo Bolsonaro no Ministério da Educação. Ele tinha ligações com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
Os três – Milton Ribeiro, Gilmar e Arilton – assim como o ex-assessor Luciano Musse, foram presos na quarta-feira (22).
A PF está investigando a distribuição de verbas do Ministério para prefeituras mediante o pagamento de propina.
Luciano Musse já foi gerente de Projetos da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, sob a gestão de Milton Ribeiro, mas foi demitido em março, quando veio a público o esquema de corrupção no Ministério.
Ribeiro foi flagrado, por uma gravação, admitindo que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos decidiam quais cidades deveriam receber as verbas públicas.
MPF
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o ex-gerente de projetos recebeu R$ 20 mil em propina a pedido do pastor Arilton Moura para intermediar um encontro de um empresário de Piracicaba com o ex-ministro Milton Ribeiro no ano passado.
Um parecer do Ministério Público Federal (MPF), que o jornal O Globo teve acesso, relata como o presidente do partido Avante de Piracicaba, no interior de São Paulo, o empresário José Edvaldo Brito, conseguiu uma reunião com o ex-ministro Ribeiro na sede do Ministério da Educação depois de encontrar Musse em um hotel de Brasília.
No encontro no ministério, segundo o dirigente partidário, Ribeiro gravou um vídeo para anunciar uma visita do “gabinete itinerante” do MEC ao município paulista de Nova Odessa, uma cidade de 60 mil habitantes a 130 quilômetros de São Paulo. Em troca, o pastor Arilton solicitou a emissão de passagens aéreas pela prefeitura de Piracicaba “para sua comitiva particular, da qual fazia parte Luciano Musse, que já ocupava o cargo de gerente de projetos no MEC desde 7/4/2021”, além de uma propina de R$ 100 mil “a título de colaboração”, segundo o parecer do MPF.
“José Edvaldo Brito, empresário de Piracicaba-SP, disse que conseguiu agenda com o ex-ministro Milton através de Arilton. Afirmou ter encontrado com Luciano Freitas Musse no Hotel Grand Bittar. Asseverou que realmente encontrou com Milton no Ministério da Educação, e lá, conseguiu o compromisso da realização de evento na cidade de Nova Odessa-SP, o que realmente veio a se concretizar no dia 21/08/2021. Disse, ainda, que, ARILTON, solicitou a emissão de passagens aéreas para sua comitiva, e, a título de colaboração, a quantia de R$ 100.000,00”, diz o parecer.
O evento na cidade de Nova Odessa contou com a presença de autoridades de cerca de 70 municípios.
CORRUPÇÃO
O ex-ministro de Jair Bolsonaro está sendo investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Diversos prefeitos contaram que os pastores evangélicos pediam propina de até R$ 40 mil para que as demandas da cidade fossem incluídas no sistema do MEC e atendidas.
Um prefeito da cidade de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga, relatou que os pastores chegaram a pedir 1 kg de ouro, visto que a região tem forte mineração, para que a cidade recebesse o dinheiro do Ministério da Educação. Em outros casos, eles pediram a impressão de bíblias para lavar dinheiro.
A esposa do ex-ministro Milton Ribeiro já recebeu um depósito de R$ 50 mil do pastor Arilton Moura. Segundo sua defesa, ela tinha vendido um carro.
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