O ex-deputado federal David Miranda (PDT-RJ) morreu aos 37 anos, após passar nove meses internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido a uma infecção generalizada no sistema gastrointestinal. A morte foi confirmada nesta terça-feira (9), por seu marido e jornalista Glenn Greenwald.
“Ele morreu em plena paz, cercado por nossos filhos, familiares e amigos”. A causa da morte ainda não foi informada. Miranda morreu um dia antes do seu aniversário.
David estava internado desde o dia 6 de agosto de 2022, na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, com uma infecção generalizada no sistema gastrointestinal, em um quadro de septicemia. Na época, o quadro era considerado grave.
Em março, Glenn fez um relato longo e emocionante sobre os meses de internação do marido.
“Desde a primeira semana, houve três ocasiões em que seus médicos me ligaram e nos disseram para nos prepararmos para o pior, que suas chances de sobrevivência nas próximas 48 a 72 horas eram muito baixas, quase impossíveis. Nem vou me dar ao trabalho de tentar explicar como é ter que dizer a seus filhos, à família e aos melhores amigos de seu marido que é hora de ir para o hospital pelo que provavelmente será a última vez”, disse Glenn na época.
Na ocasião, Glenn disse que o marido se mantinha “a maior parte do tempo acordado” e conseguia conversar, “apesar da traqueostomia que teve que fazer”. Miranda, no entanto, já dependia de um ventilador para assistência respiratória.
Além do marido, Miranda deixa três filhos. “Mas de longe o maior sonho de David, o que lhe dava maior orgulho e propósito, era ser pai. Ele era o pai mais dedicado e amoroso. Ele me ensinou a ser pai. E nossos meninos verdadeiramente excepcionais – com seu próprio começo de vida difícil – é seu maior legado”, disse Glenn.
Já ativo na militância política e na defesa pela causa LGBT, David ingressou definitivamente na política nas eleições de 2016, quando disputou por uma vaga pelo PSOL na Câmara dos Municipal do Rio de Janeiro. Foi eleito com mais de 7 mil votos, sendo um dos seis parlamentares do partido na cidade. Sua vitória fez com que ele se transformasse no primeiro vereador gay da cidade do Rio de Janeiro a assumir uma cadeira na casa.
Quatro anos depois, Miranda disputou por uma vaga na Câmara dos Deputados, mas só alcançou a posição e primeira suplência do partido, com um pouco mais de 17 mil votos. Mesmo com um resultado insuficiente para assumir a posição de titular, David chegou à Câmara dos Deputados para assumir a vaga deixada por Jean Wyllys (PSOL-RJ), que desistiu de assumir o seu terceiro mandato e optou por deixar o País, diante do número crescente de ameaças que passou a receber desde a eleição do então presidente Jair Bolsonaro.
David deixou o PSOL em 2022 para integrar o PDT, do presidenciável e ex-ministro Ciro Gomes. Na época, o deputado atribuiu a sua desfiliação à forte tendência do PSOL apoiar o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida eleitoral.
“O PSOL, a meu ver, corre o risco neste momento de sacrificar a sua essência para se tornar um braço leal de um partido e ideologia a que foi criado para se opor”, declarou o parlamentar, fazendo referência à probabilidade de a sigla formalizar o apoio a Lula e ao PT.
Em setembro de 2022, David era candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, mas como ainda estava internado, teve que renunciar a sua candidatura. A renúncia foi anunciada na época por Glenn.
“Essa é uma decisão extremamente difícil. Eu disse desde o começo de sua internação que a única pessoa que deveria tomar decisões sobre sua candidatura era o David. Mas infelizmente essa não é nossa realidade, essa decisão caiu em cima de mim. Consultei todas as pessoas próximas do David e todo o mundo está em consenso que essa é a única decisão a ser tomada”, afirmou.
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