Avaliação negativa do governo é alta — 50% de “ruim” e “péssimo”; 24% de “ótimo” e “bom”
A mais importante – até porque menos aparente e superficial – conclusão que se pode tirar da Pesquisa Exame/Ideia, divulgada na sexta-feira (21), é a permanência da insatisfação do eleitorado com a polarização Lula/Bolsonaro.
É verdade, Lula aumentou as intenções de votos, em relação à mesma pesquisa do mês passado, de 40% para 45%, enquanto Bolsonaro caiu de 38% para 37%, no segundo turno.
Não é um dado inesperado, diante do desastre do atual governo. Pelo contrário, no momento atual, é uma evolução quase sem novidade, num quadro em que os candidatos sejam estes.
Porém, mesmo nessa situação, metade – ou mais da metade, no caso de Bolsonaro – do eleitorado, representado pela amostragem da pesquisa, acham que nem Bolsonaro nem tampouco Lula, “merecem ser eleitos”.
Segundo a pesquisa, 54% dos eleitores acham que Bolsonaro não merece ser reeleito, enquanto 50% acham que Lula não merece ser eleito.
Bolsonaro e Lula são também os mais rejeitados quando a pergunta se refere ao candidato em que o eleitor “não votaria de jeito nenhum”: 39% disseram que não votariam de jeito nenhum em Bolsonaro, enquanto 36% não votariam de jeito nenhum em Lula.
A alta rejeição de Lula é também o principal motivo pelo qual Bolsonaro caiu apenas um ponto – dentro da margem de erro, portanto – em relação à pesquisa anterior. Quando confrontado com Lula, em um hipotético segundo turno, Bolsonaro tende a manter as intenções de voto.
Para se ter uma comparação, quanto ao outro candidato já declarado à Presidência, o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes, somente 18% dos eleitores responderam que não votariam nele de jeito nenhum.
Ciro, segundo a pesquisa, num segundo turno com Bolsonaro, teria 37% dos votos, empatado na margem de erro (3% para mais ou para menos) com o adversário (40%).
Assim, seguindo os números da pesquisa, em um segundo turno contra Bolsonaro, Lula estaria 8 pontos percentuais acima de Ciro em intenções de voto, mas com 18 pontos a mais de rejeição (eleitores que não votariam nele de jeito algum).
Ou seja, a rejeição de Lula é o dobro da rejeição de Ciro – contra menos de 1/5 (8 pontos percentuais) de diferença na intenção de votos.
Quanto a Bolsonaro, praticamente empatado com Ciro em um segundo turno, tem 21 pontos a mais em rejeição (eleitores que não votariam nele de jeito algum), isto é, mais do que o dobro.
Ressaltemos, aqui, o óbvio: trata-se de uma pesquisa – e uma pesquisa fora das condições de campanha eleitoral. Mas podemos imaginar o que significariam – ou significarão – esses índices de rejeição dentro de uma campanha eleitoral.
Pode-se conceber que o favoritismo de Lula se mantém nas condições de uma polarização que é rejeitada por, pelo menos, segundo a pesquisa, metade do eleitorado.
Algo semelhante aparece também pela comparação entre esses resultados de pesquisa eleitoral e os resultados da mesma pesquisa quanto ao governo Bolsonaro.
Somente 24% dos pesquisados responderam que o governo Bolsonaro é “ótimo” ou “bom”, enquanto 50% responderam que o governo é “péssimo” ou “ruim” (22% responderam “regular” e 3% “não sabe”).
Ou seja, Bolsonaro, quanto ao seu governo, não tem apoio explícito (“ótimo”/”bom”) nem de um quarto do eleitorado, com uma diferença de 26 pontos (ao todo, metade do eleitorado) para o repúdio explícito (“ruim/péssimo”).
Mas, quando a pesquisa é eleitoral, contra Lula no segundo turno, a parcela dos que votariam nele sobe para 37%, devido à rejeição de Lula.
Isso acontece também em relação a outros candidatos que constam da pesquisa – mas esse é exatamente o problema: a busca de um candidato que consiga coesionar o país contra Bolsonaro e superar a devastação mortífera do atual governo.
O que a pesquisa mostra é, precisamente, o espaço para um candidato com essas características, isto é, com esse programa. A polarização da cena político-eleitoral é muito positiva para Bolsonaro e o PT. Se surgir candidatura que consiga romper esse quadro pode esvaziar o partido de Lula e o bolsonarismo; pode superar tanto Bolsonaro, quanto Lula no segundo turno.
Eis a pesquisa completahttps://exame-membercenter-static.s3.us-east-2.amazonaws.com/imagens/EXAME-IDEIA-PESQUISA-21-MAIO(1).pdf
M. V.