Na última quinta-feira (5), a Mercedes-Benz informou que irá reduzir a produção por dois ou três meses e adotar turno único na fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo (SP) a partir de
maio.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa justificou a necessidade de ajuste por falta de peças e queda de demanda provocada pela alta taxa de juros no país, mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A taxa segue nesse patamar desde agosto de 2022. A empresa ainda não se pronunciou.
“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e baixar a taxa de juros para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva.
A montadora já havia anunciado férias coletivas para 300 funcionários entre 3 de abril a 2 de maio. A empresa tem cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil no primeiro turno e outros 2 mil na produção no segundo turno. Metalúrgicos e empresas negociam a paralisação do segundo turno, que levará ao afastamento temporário dos funcionários por meio de “férias coletivas” ou “layoff”.
TAXA DE JUROS
A manutenção da taxa de juros em 13,75% pelo Banco Central tem sido alvo de críticas pelo presidente Lula e por diversos setores da sociedade por se pôr como uma barreira para que as empresas possam fazer investimentos, com financiamentos ficando mais caros e o crédito mais difícil.
De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022. Na aquisição de caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado.
