A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) confirmou ao Ministério Público Federal (MPF) que o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que foi indicado por Bolsonaro, ameaçou desfiliar o banco caso a entidade assinasse uma nota denunciando o golpismo de Jair Bolsonaro.
“O presidente da Caixa Econômica Federal, em contatos informais, antecipou a posição contrária da Instituição Financeira à adesão ao manifesto pela Febraban e informou que, caso ocorresse, haveria a desfiliação da Caixa”, afirmou a Febraban, em resposta ao MPF.
A entidade também enviou ao MPF os emails trocados com o presidente da Caixa sobre a assinatura do manifesto.
A Febraban articulou junto com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) uma nota defendendo a democracia e condenando os ataques bolsonaristas às instituições. A nota foi idealizada nas semanas anteriores ao 7 de setembro, quando Jair Bolsonaro estava deixando público sua intenção de dar um golpe de estado.
No dia 1 de setembro, Pedro Guimarães pediu ao presidente do Conselho Diretor da Febraban uma reunião presencial da entidade para discutir uma “nova deliberação sobre a adesão da entidade ao manifesto”.
Guimarães falou que uma nova reunião seria necessária “por exigência fundada no interesse social” e para “evitar exposição negativa de mídia”.
O governo Bolsonaro, para tentar enfraquecer a nota defendendo a democracia, se utilizou da Caixa Econômica Federal para defender seus interesses. De acordo com o que foi noticiado, o Banco do Brasil também ameaçou sair da entidade para evitar a assinatura do manifesto.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, decidiu de forma unilateral atrasar a divulgação da nota e mudou seu teor, aliviando para o governo federal.
A nota chamada “A Praça é dos Três Poderes” só foi divulgada depois do dia 7 de setembro e pede “harmonia”, “serenidade” e “diálogo” entre os poderes.
O manifesto sequer diz que toda a desarmonia e a “escalada da tensão entre as autoridades públicas” são causadas justamente por Jair Bolsonaro.