A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiaram, em nota oficial, os ataques a um repórter da CNN durante a cobertura de um ato promovido por Jair Bolsonaro na capital fluminense, no domingo.
O jornalista Pedro Duran foi hostilizado durante a aglomeração realizada na manhã do domingo (23), que foi marcada pelo descumprimento das regras sanitárias. O profissional foi xingado, impedido de exercer sua função profissional e chegou a ser escoltado pela Polícia Militar para escapar dos manifestantes.
A ação foi gravada em meio aos apoiadores que acompanhavam a manifestação. Os bolsonaristas filmaram Duran e divulgaram o vídeo em suas redes sociais, apontando o nome do jornalista, que passou a ser vítima de assédio virtual.
Segundo a nota de repúdio, “em mais uma manifestação de truculência, intransigência, absoluto desrespeito com a atividade jornalística e a liberdade de imprensa e de expressão, grupos bolsonaristas atacaram” o repórter da CNN.
As entidades cobraram das autoridades do município do Rio as providências necessárias no sentido de punir os responsáveis pela manifestação, “que desrespeitou todas as medidas sanitárias de combate à pandemia e pôs em risco a vida de milhares de cidadãos cariocas”.
Acompanhado do deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), do ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e do ex-ministro Eduardo Pazuello (Saúde), Bolsonaro passeou por cerca de uma hora pela cidade, discursou em um carro de som e cumprimentou o público aglomerado. Nenhuma das autoridades nacionais usava máscara.
“A liberdade de imprensa é um dos pilares da Democracia. E dela jamais abriremos mão”, reforça a nota.
O Relatório da Violência contra Jornalista e Liberdade de Imprensa – 2020, produzido pela Fenaj, mostra que nos dois últimos anos é crescente a insegurança para o exercício da profissão de jornalista no Brasil.
Outra entidade de classe a divulgar nota de repúdio a respeito do caso foi a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). “A intimidação de repórteres por políticos e militantes ligados a Jair Bolsonaro tem como objetivo impedir a cobertura de fatos de interesse público e, portanto, é uma violação à liberdade de imprensa”, diz o texto.
Para a Abraji, o presidente Jair Bolsonaro incentiva este tipo de comportamento e os demais Poderes devem se posicionar. “Tal comportamento é incentivado pelo presidente da República, que frequentemente propaga teorias conspiratórias, ofensas e discursos estigmatizantes contra jornalistas. A obstrução do trabalho da imprensa é antidemocrática e se espera dos poderes Legislativo e Judiciário uma posição firme em defesa dos direitos humanos e da civilidade na convivência entre cidadãos de diferentes opiniões”.
A CNN Brasil também se manifestou sobre o episódio. Em nota, a emissora “repudia veementemente qualquer tipo de agressão”. “Acreditamos na liberdade de imprensa como um dos pilares de uma sociedade democrática. Os jornalistas têm o direito constitucional de exercer sua profissão de forma segura, para noticiar fatos dentro dos princípios do apartidarismo e da independência”, diz o texto
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