O atual senador do Republicanos disse ao “O Globo” que Queiroz lavava dinheiro e pagava as contas dele e de sua mulher, com dinheiro vivo. Agora Flávio quer afastar os investigadores que desbarataram o esquema criminoso de desvio de dinheiro público da Alerj
Depois de admitir, em entrevista ao “O Globo”, na quarta-feira (05), que ele e o seu “faz-tudo”, Fabrício Queiroz, desviavam dinheiro público através de um esquema envolvendo funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando era deputado estadual, inclusive contratando parentes de milicianos, o senador Flávio Bolsonaro, agora quer afastar os promotores que descobriram e denunciaram suas falcatruas.
Segundo o Ministério Público do Rio (MP-RJ), uma organização criminosa foi montada dentro do gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro para lavar dinheiro, inclusive com ramificações nas milícias do estado. Só para se ter uma ideia, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Nóbrega, respectivamente mãe e ex-mulher do chefe da milícia de Rio das Pedras, Adriano da Nóbrega, eram funcionárias fantasmas do gabinete.
Flávio Bolsonaro, que já vinha burlando a Justiça desde que o escândalo das rachadinhas estourou, resolveu, então, aproveitar a dica dada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que, em uma “live acadêmica”, atacou os investigadores do Ministério Publico, dizendo que eles vinham cometendo abusos, partiu para a narrativa de que estava sendo perseguido e quer afastar os promotores que desbarataram a quadrilha.
O atual senador do Republicanos pediu ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) a troca dos promotores que atuam nas investigações. A defesa questiona a designação de promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) do MP do Rio para a investigação, depois que o Tribunal de Justiça do estado reconheceu a existência de foro privilegiado no caso.
O Tribunal de Justiça do Rio não invalidou as investigações feitas até agora e delegou a continuidade das ações ao Gaecc.
O senador defende o foro privilegiado, que tanto combatia, para tentar mais uma manobra protelatória no processo que investiga seus crimes.
Ele pede que as designações dos promotores sejam invalidadas. O parlamentar questiona ainda “a atuação do próprio procurador-geral de Justiça ou mesmo a designação de outro procurador de Justiça, conforme a legislação”.
Na terça-feira (4), o relator do pedido de Flávio ao CNMP, conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, notificou o procurador-geral de Justiça, José Eduardo Ciotola Gussem, a prestar informações no prazo de 15 dias.
Em nota, o conselho informou que, após a chegada das informações, o conselheiro irá analisar que providências serão tomadas. Em junho, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio decidiu enviar o processo para a segunda instância, por entender que Flávio Bolsonaro tem direito ao foro privilegiado de deputado estadual, mandato que exerceu até 2018, quando foi eleito senador.
Na época, o Ministério Público disse que a Chefia Institucional delegou aos promotores do Gaecc os poderes para prosseguirem nas investigações, mesmo com a mudança de instância. E que, a partir de então, o grupo responde diretamente ao procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem.