A forte chuva que começou na noite de domingo (10) e se estendeu pela madrugada desta segunda-feira (11) provocou alagamentos e deslizamentos em diversas regiões da Grande São Paulo. Ao menos 12 pessoas morreram por conta das chuvas, dentre eles, um bebê de 1 ano e 2 meses de idade.
Os lugares mais afetados foram os bairros de Vila Prudente e do Ipiranga na capital paulista e as cidades da região do ABC. Os bombeiros contabilizaram, entre 0h e 6h, 601 ocorrências de enchentes, 34 quedas de árvore, 54 ocorrências de desabamento e três deslizamentos graves.
Bombeiros resgataram moradores ilhados com botes e com o helicóptero Águia. Um dos membros de uma família retirada de casa carregava um gato nas mãos na hora do resgate. No ABC, diversas famílias foram içadas pelo cesto de resgate e levadas dos telhados de suas casas a um local seguro.
Em Ribeirão Pires, o desabamento de uma casa deixou quatro mortos. Outras duas pessoas morreram afogadas nas águas do Córrego Tamanduateí, na Avenida do Estado. Uma outra morte foi registrada no bairro Taboão, em São Bernardo do Campo, no ABC.
Em Embu das Artes, na Grande São Paulo, o deslizamento de terra sobre uma casa deixou três pessoas soterradas. Os pais sobreviveram, mas a criança de 1 ano e 2 meses morreu no Hospital Geral de Itapecerica da Serra, segundo a Defesa Civil estadual.
Na região do Ipiranga, o rio Tamanduateí transbordou alagou tudo ao entorno, carros foram levados pela força da água, outros ficaram ilhados obrigando seus ocupantes a subirem no teto enquanto aguardam resgate.
Diversos pontos da região metropolitana ficaram intransitáveis. A circulação de trens ainda permanece parcialmente comprometida, com linhas sem funcionar e sem previsão de retorno.
A Linha 10-Turquesa da CPTM está paralisada e não tem previsão de volta. “As chuvas de ontem provocaram alagamentos nas vias, impedindo a circulação dos trens na L10 nesta manhã. Não há previsão para início da operação. Contamos com sua compreensão”, diz a CPTM.
Para fazer o trajeto da linha de trem, que vai do Brás até Rio Grande da Serra, apenas 100 ônibus da operação Paese, da SPTrans, foram disponibilizados. A operação, no entanto, não funcionou durante o período da manhã, já que os ônibus não conseguiram sair das garagens.
A Linha 9-Esmeralda da CPTM opera com velocidade reduzida e o metrô de São Paulo também enfrentou problemas. A Linha 3-Vermelha operou com velocidade reduzida.
Prefeitura gastou um terço do orçamento para combate a enchentes
A falta de enfrentamento aos problemas da cidade de São Paulo é alarmante. A política de arrocho e contingenciamento de verbas pode ter agravado a crise. Nos últimos dois anos, a Prefeitura de São Paulo gastou apenas um terço da verba destinada para obras de drenagens e monitoramento de enchentes.
Em 2017 e 2018, dos R$ 824 milhões destinados à realização de drenagens, só R$ 279 milhões (38%) foram gastos. Em obras e monitoramento de enchentes, estavam previstos R$ 575 milhões, mas R$ 222 milhões (35%) foram gastos.
Nesta segunda-feira, o atual governador do estado João Doria (que abandonou a Prefeitura em abril de 2018 para concorrer ao governo), pediu que as pessoas ficassem em suas casas nas próximas, para evitar outras tragédias.
De helicóptero, Doria sobrevoou a região metropolitana da cidade.
O atual prefeito, Bruno Covas, havia se licenciado do cargo após o carnaval sem apresentar justificativa. Na tarde desta segunda-feira, Covas suspendeu a licença não remunerada e deve retornar ao cargo na terça-feira. Ele ainda não deu declarações sobre a tragédia. Em nota, a Prefeitura informou que Covas reassume nesta terça-feira (12). “Depois de determinar a criação do Comitê de Crise e acompanhar todas as ações dos secretários para diminuir o impacto causado pela forte tempestade durante a madrugada e a manhã de hoje, o prefeito reassume o cargo a partir desta terça-feira”, diz a nota.