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O presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, que foi deputado estadual rio e presidiu a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), denuncia ação das milícias após o ataque promovido por ela que queimou 35 ônibus e um trem nesta semana, em retaliação a morte de um de seus líderes na Zona Oeste da capital fluminense.
Freixo ressalta que as milícias não apenas nasceram apadrinhadas pelas conexões políticas, mas cresceram exatamente porque existe apoio à elas nos poderes Executivo e Legislativo.
“A milícia não nasceu no cárcere. A origem está nas relações políticas, com setores da polícia dominando. O começo é no poder: domínios, territórios de interesse e eleição política. Não tem como falar da milícia sem falar da política. É um evento, uma consequência do tipo de política que se desenvolveu e se tornou hegemônico, infelizmente, no Rio de Janeiro”, lamentou, na entrevista ao Correio Braziliense e a TV Brasília.
Freixo aponta a omissão dos últimos governadores como a fonte permissiva das quadrilhas de policiais para avançassem e se tornarem um poder difícil de conter. “Na CPI das Milícias, conseguimos chegar à prisão de mais de 240 chefes. Todos foram presos. O relatório apresentou uma série de propostas, para tirar deles o domínio econômico e o domínio territorial. Esta parte não foi feita, pois interessava politicamente a alguns que não fosse feita. Então, há responsabilidade de um setor da classe política. Assistimos no Brasil a criminalização da política, mas, no Rio de Janeiro, foi o contrário — foi a politização do crime”, acusou.
O presidente da Embratur, que teve um irmão assassinado pela milícia, afirma: “Sei o que é uma família ser destroçada pela violência e por esse, especificamente, crime organizado”, frisou.
Freixo reconhece que o abandono do estado e a falta de política pública em várias áreas da capital e do estado do Rio de Janeiro são fatores que facilitam, e muito, a presença das milícias nos territórios, exatamente porque elas surgem usando como pretexto fazer aquilo que o poder público não faz. Elas cobram por isso e depois tornam essas populações reféns, inclusive, e especialmente, nos períodos eleitorais.
“O tráfico é tão organizado quanto, mas a milícia tem um elemento singular que deve ser debatido e compreendido por quem não mora no Rio de Janeiro. Foi muito grave o que aconteceu (na segunda-feira). Tem que pegar quem incendiou ônibus e quem mandou incendiar, mas tem que pegar, também, uma estrutura de poder do crime, que envolve uma economia local e um projeto de poder eleitoral”, adverte.
Para Freixo o episódio de segunda-feira foi péssimo para a imagem do Rio de Janeiro e para o turismo na cidade e no estado. “É ruim para o turista, é ruim para a imagem do Brasil. Mas é pior ainda para quem mora ali e não consegue voltar para casa. Além de ser vítima, cotidianamente, de um crime que se estabeleceu desde o início dos anos 2000”, observou.