Nas eleições para departamentos e municípios realizadas no domingo (27), no Uruguai, a coalizão Frente Ampla venceu, obtendo novo mandato para administrar Montevidéu com 51,66% dos votos válidos, enquanto a Coalizão Multicolorida teve 39,68%, segundo dados das consultorias Cifra e La Diaria Datos. A engenheira e ex-ministra da Indústria, Carolina Cosse, assumirá a prefeitura da cidade, garantindo o 7º mandato consecutivo da Frente na capital uruguaia.
O resultado foi muito importante para a FA já que em Montevidéu moram 1/3 dos 3,4 milhões de habitantes do Uruguai.
Mais de 2,6 milhões de pessoas foram às urnas no Uruguai, no dia 27, para eleger governadores dos 19 departamentos do país, além de prefeitos, vereadores e membros dos conselhos legislativos locais. Foi a primeira eleição na América do Sul em meio à pandemia de Covid-19.
Porém, o Partido Nacional do atual presidente, Luis Lacalle Pou, conquistou 81 prefeituras, a maioria dos 117 municípios do país. A Frente Ampla ficou com 29, o Partido Colorado com quatro e o Partido Independiente com três. O Partido Nacional também obteve vitórias em 13 departamentos, segundo cifras preliminares. A FA conquistou ainda uma vitória em Canelones, o segundo departamento mais povoado do país com mais de meio milhão de habitantes.
Pela legislação eleitoral uruguaia, cada coligação pode apresentar mais de 1 candidato em cada região. A soma dos votos conquistados pelos 3 nomes da FA em Montevidéu permitiu a vitória. Como Carolina era a mais votada dentro da Frente, assumirá o posto.
A nova prefeita ressaltou ao discursar na sede do partido que o momento é de união, e disse que sua gestão será focada em “limpeza, mobilidade e trabalho”.
“Amanhã tenho a 1ª reunião marcada. É com quem foi o nosso primeiro prefeito de Montevidéu”, declarou Carolina, referindo-se ao ex-presidente Tabaré Vázquez, também dirigente da Frente Ampla. “Quero pedir um conselho. Digo isso com orgulho, porque Tabaré é um líder histórico, uma referência histórica do Uruguai”, assinalou.
Carolina relatou que recebeu um telefonema do presidente, Luis Lacalle Pou, para coordenarem uma reunião nos próximos dias. “Isso [a ligação de Lacalle Pou] mostra como é possível para nós, Frente Ampla, sermos claros nas nossas ideias, sermos firmes nas nossas convicções, governar sem dúvida para os que menos têm e, ainda assim, dialogar, dialogar e dialogar”, afirmou.
Atualmente, a Frente Ampla está conformada pelo Movimento de Participação Popular, pela Assembleia Uruguai, Partido Socialista, Partido Comunista, Aliança Progressista, Vertente Artiguista, Novo Espaço, Partido pela Vitória do Povo, Partido Operário Revolucionário, além de outras agremiações populares.
Por conta da pandemia de Covid-19, os eleitores cumpriram regras sanitárias como uso obrigatório de máscara e distanciamento social. A eleição estava marcada inicialmente para 10 de maio passado, mas foi adiada por causa da pandemia.
De acordo com a Corte Eleitoral, as novas regras não diminuíram o número de eleitores no pleito. O órgão informou que o comparecimento ficou em 85%, número semelhante a pleitos anteriores.
As autoridades sanitárias exortaram os partidos políticos a evitar comemorações com aglomerações. O Uruguai se destaca pelo seu exitoso controle da pandemia do novo coronavírus: registra 2.008 casos e 47 falecidos pela doença.
Lacalle Pou, do PN, venceu as eleições presidenciais no final de 2019 com uma coalizão com o Partido Colorado, o ultra-direitista Cabildo Aberto e duas siglas menores, o Partido Independente e o Partido da Gente. Essa aliança conta com maioria no Parlamento. O presidente anterior, Tabaré Vázquez da Frente Ampla, governou o país entre 2005 e 2010 pela primeira vez; foi sucedido por José Pepe Mujica, também da FA, de 2010 a 2015; e retornou à presidência novamente com mandato que se estendeu até o início de 2020.
