Partidos e movimentos sociais já se reúnem para barrar os ataques do governo às instituições democráticas
As ameaças de Jair Bolsonaro à democracia têm levado à convergência de uma série de setores políticos que estão se reunindo com o objetivo de formar uma frente democrática. Eles têm por objetivo barrar todos os ataques às instituições democráticas.
A oposição e os partidos que formam o centro político buscam pontos em comum para formar um bloco que pode atingir 481 deputados. Esta poderá ser uma trincheira fundamental, como foi a da campanha das “Dirteas Jà”, contra a ameaça fascista que ronda o país.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) tem afirmado com ênfase que todos aqueles que defendem a democracia e as eleições devem se unir nessa frente, independente do que pensam sobre outros temas.
“A democracia plena está sob ameaça”, disse ele, em debate realizado na terça-feira (03) no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. “É preciso enxergar isso em toda a sua dimensão para não minimizar a gravidade deste quadro. Nós temos a tentativa de uma união de corpos armados, militares e milicianos sob autonomia e sem controle, inclusive dos governadores dos Estados”, denunciou Flávio Dino.
“Esta situação do Ceará, minha gente, é uma luz amarela poderosa a mostrar o que acontece quando o presidente da República alimenta motins contra a legalidade”, observou. “A palavra presidencial tem poder. É a mais alta autoridade do país. E com isso o que ele diz, reverbera, muitas vezes vira realidade. Nós vimos isso no Ceará. Lá, infelizmente, houve uma tentativa de fomentar isto. E também em vários Estados brasileiros”, acrescentou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (Dem-RJ) e o ex-governador Ciro Gomes (PDT) também têm se destacado na busca de uma frente democrática para enfrentar o bolsonarismo. “Meu partido não teria nenhum problema em apoiar Ciro Gomes (PDT) em 2022”, disse Maia. O deputado disse ainda que não tem problema em apoiar um candidato “que esteja um pouco mais à esquerda do que eu penso”.
Assista trecho da entrevista de Rodrigo Maia propondo a frente ampla:
Em outra oportunadade foi a vez de Ciro Gomes elogiar a atuação do presidente da Câmara dos Deputados. Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, da Globo News, Ciro alertou para as ameaças de membros do governo Bolsonaro às liberdades democráticas e disse que o papel de Rodrigo Maia na presidência do Parlamento “tem sido fundamental para obrigar o presidente a obedecer, mesmo a contragosto, as regras da democracia”.
“Rodrigo Maia é muito importante. O PT quis transformar a eleição da mesa da Câmara em um terceiro turno. Eu disse na época que essa eleição estava perdida para a oposição, pelo simples fato de que eles são 300 e nós 130”, avaliou Ciro. “Ele é filho de dois exilados. Ele é um democrata, filho de Cesar Maia, que foi exilado. A mãe dele foi exilada. Ele nasceu no exílio”, lembrou.
“O Rodrigo Maia cumpriu todos os acordos que nós fizemos com ele para garantir que a oposição tivesse espaço para travar a luta de ideias no parlamento e que pudesse reduzir os danos causados pelas propostas que o governo se empenhou em aprovar”, afirmou Ciro.
A líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali também foi na mesma direção.”Nós precisamos ter uma pauta que não seja uma pauta do governo, que seja uma pauta do Congresso, que envolva itens democráticos e que envolva itens de direitos, então estamos tentando construir uma pauta, começamos a construir isso hoje, que seja uma pauta que não seja uma pauta da reforma administrativa, que não seja a carteira verde e amarela”, disse a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Para a deputada, é possível essa união de “algumas legendas do centro”. “Eu comecei [a conversar] com Arthur Lira (PP-AL), que é o líder do maior bloco da Casa, mas comecei também com o líder do PSB, que é um outra grande bancada. A ideia nossa é construir uma pauta que nos possibilite responder a sociedade ao invés de fortalecer a pauta do governo”, disse Feghali.
O bloco liderado por Arthur, reúne sozinho 14 partidos e 351 parlamentares. Somente esse bloco já totaliza 68% da Câmara. Compõe o bloco o PSL, MDB, PSDB, DEM, PL, PP, PSD, PTB, Republicanos, Solidariedade, Patriota , PROS, PSC e Avante.
A oposição conta com o PT, PSB, Psol, PCdoB, PDT, PCdoB e Rede, que totalizam 130 deputados. Ou seja, em caso de sair realmente esse grande acordo, a Câmara contaria com um blocão de 481 parlamentares. “No trato congressual as coisas tem que caminhar em acordos, transparentes e institucionais”, afirmou um dos líderes que deve compor este bloco.