O secretário Especial da Cultura, Mario Frias, e o ministro do Turismo, Gilson Machado, brigaram durante uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro no último dia 15 de Setembro.
O bate-boca entre o ministro do Turismo e Frias precisou da intervenção de Bolsonaro que teria mandado os dois “calarem a boca”. A informação é do O Globo.
Segundo a reportagem, a confusão, que aconteceu diante de diversos assessores, começou depois de Frias pediu diretamente a Bolsonaro mais autonomia para a Secretaria, que é subordinada ao Ministério do Turismo. A abordagem ao presidente teria incomodado Gilson Machado.
Frias pediu, entre outras coisas, que a secretaria tenha uma Consultoria Jurídica (Conjur) própria. Para ele, o Ministério do Turismo impede mudanças nas diretrizes propostas por ele.
Outra reinvindicação é que Frias passe a gerir os recursos da pasta que comanda. Atualmente, todos os gastos da Cultura precisam do aval do Turismo, incluindo viagens e eventos.
SECRETÁRIO
Mario Frias é o secretário da Cultura há mais tempo no cargo do governo Bolsonaro. Ele assumiu a pasta em junho de 2020, após a atriz Regina Duarte deixar o cargo. Alinhado com pautas obscurantistas, do governo e da própria família de Bolsonaro, ele também afirmou que vai agir contra a adoção dos chamados “passaportes da vacina” em espaços culturais vinculados à União.
Frias também usa as redes para rasgar elogios ao governo Bolsonaro e ao presidente e costuma atacar o governador de São Paulo, João Doria. No começo do mês, afirmou que Doria é “farsa patética” e ameaçou o governador com punições caso ele reinaugure o Museu do Ipiranga, em SP, sem sua “permissão”.
O secretário participou da manifestação a favor de Bolsonaro no dia 7 de setembro, em São Paulo. Ele vestia uma camiseta amarela com a frase, na cor verde, “radicais da cultura”. E foi multado pelo Governo de SP por não usar máscara.
A gestão de Frias é criticada pela classe artística. Em post nas redes sociais, o subsecretário de Fomento e Incentivo à Cultura, André Porciuncula, afirmou que ele e Frias respondem a 77 processos na Justiça.
Durante a gestão Mario Frias, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic) foi dissolvida.
Em junho, o galpão da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina em São Paulo, foi consumido por um incêndio, destruindo parte do acervo cinematográfico do nosso país.
A instituição, vinculada à Secretaria da Cultura, foi abandonada pelo governo Bolsonaro, que rompeu contrato da sua gestão e, mesmo alertado sobre o risco, não tomou as providências para impedir o incêndio.
Frias também critica a Lei Paulo Gustavo, que propõe a entrega de R$ 3,8 bilhões pela União a estados e municípios para aplicação em ações emergenciais que visem combater e mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre o setor cultural. Ele definiu o PL como um “absurdo que transformará o governo federal num caixa eletrônico de saque compulsório”.