Bolsonaro discursou contra a democracia em cima de um carro contratado por Renan da Silva Sena, funcionário da ministra
A Polícia Federal identificou quem bancou os carros de som usados na manifestação em Brasília entre abril do ano passado, quando Jair Bolsonaro discursou em frente Quartel General do Exército. De acordo com o inquérito que investiga os atos golpistas, a despesa foi custeada por Renan da Silva Sena, bolsonarista que à época era funcionário do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves.
Os carros de som foram usados na manifestação no dia 19 de abril em que Bolsonaro discursou na caçamba de uma camionete em frente ao Quartel General do Exército e em outra, na Esplanada dos Ministérios em 3 de maio seguinte. Sena também foi identificado pela PF como responsável por confeccionar faixas com ataques ao Supremo e ao Congresso que costumam ser usadas em manifestações de apoiadores do chefe do Executivo.
O inquérito foi aberto por solicitação da PGR (Procuradoria-Geral da República) dois dias depois do discurso de Bolsonaro em frente ao QG e visava justamente apurar quem organizou e financiou os golpistas e seus atos realizados em todo o país e que incluíam pedidos de intervenção militar e fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).
A atividade de Renan Sena no aluguel de carros de som e na confecção de faixas com frases como “Intervenção militar com Bolsonaro no poder” e “Vagabundos do STF na cadeia”, foi identificada pela PF. “A partir da análise do material extraído do smartphone apreendido em poder de Renan Sena, foi possível inferir a participação deste na organização de manifestações ocorridas em Brasília no primeiro semestre de 2020. O ‘acampamento patriota’ realizado na Praça dos Três Poderes é um exemplo”, diz relatório da PF.
A Procuradoria Geral da República (PGR), depois de ficar por cinco meses com o relatório da PF nas mãos, havia pedido o arquivamento do inquérito que investiga os grupos fascistas. Esses grupos queriam, junto com Bolsonaro, fechar o Congresso Nacional e o STF e implantar uma nova versão do AI-5, instrumento responsável pela prisão e morte de centenas de opositores da ditadura. O ministro Alexandre de Moraes ainda não respondeu ao pedido e, além de pedir explicações do porque do arquivamento, suspendeu o sigilo imposto aos autos das investigações. O STF disponibilizou os documentos vinculados ao caso.