O ex-porta-voz do governo Bolsonaro, general Otávio Rêgo Barros, criticou o uso político do 7 de setembro por Jair Bolsonaro e defendeu que a data, quando se comemora o Dia da Independência, seja apenas uma “festa cívica”.
O general também pediu que as manifestações do 7 de setembro sejam realizadas em um clima de normalidade institucional.
Sem citar Bolsonaro diretamente, o general condenou a postura de líderes com atitudes “messiânicas” que, uma vez confrontados por “fatos que não se encaixam à sua vontade”, passam a viver de “cartadas finais” semelhantes às de líderes nazifascistas, como Hitler.
Em um artigo publicado no sábado (28) no “Jornal do Commercio”, Rêgo Barros relembrou a queda de Hitler em 1944 para fazer uma relação com líderes do século XXI que se apresentam como salvadores, messiânicos.
“Hitler, em seus estertores, reuniu homens e materiais que lhe restaram para uma última cartada. A Segunda Guerra Mundial se aproximava do final”, escreveu, em referência à batalha de Ardenas em dezembro de 1944, última ofensiva nazista antes da derrota na guerra. “Em cinco meses o mundo respiraria com a derrota do nazifascismo. (…) Com a agudização dos posicionamentos ideológicos, no nascer do século XXI, alguns novos líderes incorporaram atitudes análogas a messiânicos vistos como um salvador”, escreveu.
“Esses líderes, à medida que adquirem poder, se tornam incapazes de reconhecerem os erros e derrotas, mesmo as mais acachapantes. Ofendem a sacralidade do cargo, corroendo-o pela falta de compostura da autoridade”, acrescentou Rêgo Barros, criticando a recente invasão do Congresso norte-americano insuflada por Donald Trump, de quem Bolsonaro é admirador. “Esses líderes”, continuou o general, “inventam as suas verdades quando os fatos não se encaixam à sua vontade”.
Ele alertou para que no Brasil não se repitam essas “lastimosas posturas”.
“Nós, aqui, não podemos assumir essas lastimosas posturas. Não são bons exemplos. Não são bons exemplos. Posições políticas devem ser defendidas por convencimento, sem afronta à lei, jamais por agressão física”, afirmou, complementando: “Fica um alerta. Esses guias, ao abdicarem dos compromissos firmados e se mostrarem desnudos, passam a viver de cartadas finais. É necessário detê-los como fizeram os aliados”.